Laudo revela que manobra arriscada provocou acidente na Rodoviária do Plano Piloto
Acidente em julho matou Gisele Boaventura Silva, que foi atingida e arremessada da plataforma superior da rodoviária
Brasília|Elijonas Maia, da Record TV, em Brasília
O laudo da Polícia Civil do DF sobre o acidente que provocou a morte de Gisele Boaventura Silva, de 54 anos — ao ser atingida por um carro desgovernado e arremessada da plataforma superior da rodoviária do Plano Piloto —, mostrou que o motorista perdeu o controle do veículo ao fazer uma manobra arriscada.
No acidente, ocorrido em 6 de julho, o condutor do veículo bateu no ponto de ônibus e atropelou cinco pessoas. Com o impacto, Gisele caiu da plataforma superior para o nível térreo, na pista do Eixo Monumental.
Nos dois depoimentos em que o condutor do veículo prestou ao delegado que investiga o caso, na 5ª DP (região central), ele disse que toma remédio para ansiedade e "passou mal, não se lembra de nada e que só acordou quando já estava sendo socorrido". O caso foi investigado, em princípio, como acidente de trânsito com morte, mas essa hipótese foi perdendo força durante a investigação.
Após o laudo, o condutor foi indiciado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e lesão corporal culposa na direção de veículo automotor. O processo já foi enviado para a Justiça. O motorista realizou exames no IML e a Polícia Civil também juntou esses laudos do Instituto de Criminalística (IC) para conclusão do inquérito, além de depoimentos de testemunhas.
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Suspeita de transporte pirata
Segundo a Polícia Militar, o carro do motorista não estava licenciado e, dentro do veículo, os policiais encontraram um porta-moedas com R$ 33,25 e uma bolsa pequena, com R$ 295,10, o que levantou suspeita de prática de transporte pirata. A PCDF não focou a investigação nesse sentido, mas garantiu que nenhuma hipótese foi descartada.
O caso
Em 6 de julho de 2022, às 6h55, o Corpo de Bombeiros foi acionado para socorrer as vítimas do acidente. O motorista de um carro desgovernado invadiu a parada de ônibus onde estavam Gisele e outras cerca de 20 pessoas.
Com o impacto, Gisele teve uma das pernas amputada, foi arremessada da plataforma e caiu de uma altura de quase 9 metros no Eixo Monumental. Câmeras de segurança na Esplanada dos Ministérios flagraram a queda. Outros quatro pedestres ficaram feridos, entre eles um bebê de 5 meses, além do condutor do veículo e da passageira.
No dia do acidente, Gisele Boaventura teria um dia normal: moradora de Taguatinga, onde vivia sozinha, levantou-se cedo, às 6 horas, e se arrumou para ir ao trabalho. Ela trabalhava como diarista e, naquele dia, iria para uma casa no Lago Norte.
Gisele não teve tempo de arrumar a cama. Depois do café da manhã, ela pegou o primeiro dos dois ônibus que costumava pegar às quartas-feiras, em direção à Rodoviária do Plano Piloto. Ela subiu para a plataforma superior e esperou o coletivo que seguiria para o Lago Norte.
Sonho interrompido
Gisele, que morava de aluguel, tinha o sonho da casa própria e pretendia comprar um apartamento. Para alcançar o objetivo, além do serviço como doméstica passou a fazer artesanato para gerar uma renda extra. Gisele pretendia se aposentar em breve.
Ela nasceu no Distrito Federal e morou ao longo de quase toda a vida em Taguatinga. Sempre trabalhou como empregada doméstica para sustentar a família. Gisele deixou três filhos e dois netos.