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Lira diz que protecionismo francês é ‘burro’ e não afeta produtores brasileiros

Presidente da Câmara citou resposta rápida após boicote ao Carrefour: ‘tudo é possível quando o país tem autoestima’

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília e Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília

Lira defendeu combate à desinformação

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que a falta de vontade dos franceses em comprar produtos brasileiros não afeta as exportações do Brasil. A declaração foi dada nesta terça-feira (26) durante discurso na FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária). Segundo Lira, o mais importante é combater a “desinformação que deve ser crescente por parte do protecionismo burro”. Lira também sugeriu convocar o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para dar satisfação sobre o ocorrido.

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“Não podemos convocar o ministro francês. Mas podemos convocar o ministro do Itamaraty para que ele diga que tipo de tratativa ele está tendo com a França para que as empresas francesas tenham responsabilidade dessas informações que estão dando, para dar satisfações a um público que não nos atinge comercialmente. [...] No que diz respeito às nossas commodities principais, a França não é um parceiro atraente para o Brasil. Não vai modificar em nada a vida dos produtores das exportações brasileiras qualquer falta de vontade dos franceses em comprar produtos brasileiros. Mas o estrago na imagem, repercussão em outros mercados, a ciranda que isso pode causar é preocupante”, afirmou.

Lira acrescentou ainda que “toda a cadeia produtiva brasileira foi muito rápida em dar uma resposta”, após o Carrefour anunciar que deixaria de comprar carnes provenientes do Mercosul para abastecer as lojas na França.

Em resposta, produtores e empresas brasileiras iniciaram um boicote a produtos da França. Ao comentar sobre a campanha para não comprar com marcas francesas, o presidente da Câmara destacou que “tudo é possível quando o país tem autoestima”. A jornalistas, Lira disse que é “importante não minimizar o que aconteceu” e criticou a retratação do Carrefour após o boicote, dizendo que a carta “foi muito fraca dado o estrago de imagem que o CEO do Carrefour produziu”.


Lira destacou que o caso serve para tirar lições do que o Brasil pode sofrer com a COP30 e disse que os parlamentares não têm que se preocupar em apenas receber ou dar estadia. “A preocupação é mostrar um Brasil real que existe”. O deputado também ressaltou que o Brasil tem leis mais duras e protecionistas em relação ao meio ambiente e sugeriu estudos comparativos entre as legislações. “Temos que comparar quantos produtores franceses preservam e quantos os produtores brasileiros preservam”, disse.

Retratação

O CEO mundial do Carrefour, Alexandre Bompard, publicou uma carta de retratação nesta terça-feira (26), após campanha brasileira em resposta ao anúncio de que a rede de supermercados francesa deixaria de comprar carnes do Mercosul. No documento, divulgado no site oficial da empresa, Bompard expressou seu “orgulho” pela parceria histórica com a agricultura brasileira.


Na carta, o CEO pediu desculpas caso a “comunicação do Carrefour França” tenha causado “confusão” e sido “interpretada como questionamento” da parceria com a agricultura brasileira, ou como uma crítica à produção nacional.

Ele reforça que o Carrefour França “é o primeiro parceiro da agricultura francesa” e que continuará comprando “quase toda a carne” que necessita de produtores do país.


“A decisão do Carrefour França não teve como objetivo mudar as regras de um mercado amplamente estruturado em suas cadeias de abastecimento locais, que segue as preferências regionais de nossos clientes. Com essa decisão, quisemos assegurar aos agricultores franceses, que atravessam uma grave crise, a perenidade do nosso apoio e das nossas compras locais”, afirmou Bompard.

Ele também destacou a importância da relação da rede com a agricultura brasileira (leia a íntegra da carta abaixo). “Temos orgulho de sermos um grande parceiro histórico da agricultura brasileira. Sabemos que a agropecuária brasileira fornece carne de alta qualidade e sabor. Continuaremos a valorizar os setores agrícolas brasileiros, como fazemos há 50 anos.”

“Por meio do nosso crescimento, contribuímos também para o desenvolvimento dos produtores agrícolas brasileiros, em uma lógica que sempre foi de parceria construtiva. Assim seguiremos prestigiando a produção e os atores locais e fomentando a economia do Brasil.”

A decisão do Carrefour

Na última quarta-feira (20), o Carrefour anunciou que deixará de comprar carnes provenientes do Mercosul para abastecer suas lojas na França. A decisão foi anunciada pelo CEO global da empresa, Alexandre Bompard, e ocorre em resposta a pressões de sindicatos de agricultores franceses que buscam proteger o setor local da concorrência internacional.

O Carrefour justificou a medida como alinhada a preocupações ambientais e às normas rigorosas impostas pela União Europeia. Em comunicado, Bompard afirmou entender a “raiva e o desespero” dos agricultores franceses diante da perspectiva de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, que poderia “inundar o mercado francês com carne que não respeita as exigências e normas locais”.

Além disso, o executivo defendeu que o setor varejista lidere um movimento mais amplo de apoio à produção local e inspirou outros atores do setor agroalimentar a adotar medidas semelhantes.

Leia a íntegra da carta em português:

Comunicado do Grupo Carrefour

A nossa declaração de apoio do Carrefour França aos produtores agrícolas franceses causou discordâncias no Brasil. E é nossa responsabilidade de esclarecê-la.

Nunca quisemos opor a agricultura francesa à agricultura brasileira. França e Brasil são dois países que compartilham o amor pela terra, pelo cultivo e pela alimentação de qualidade.

Na França, o Carrefour é o primeiro parceiro da agricultura francesa: compramos quase toda a carne que necessitamos para as nossas atividades na França, e assim seguiremos fazendo. A decisão do Carrefour França não teve como objetivo mudar as regras de um mercado amplamente estruturado em suas cadeias de abastecimento locais, que segue as preferências regionais de nossos clientes. Com essa decisão, quisemos assegurar aos agricultores franceses, que estão atravessando uma grave crise, a perenidade do nosso apoio e das nossas compras locais.

Do outro lado do Atlântico, compramos dos produtores brasileiros quase toda a carne que necessitamos para as nossas atividades, e seguiremos fazendo assim. São os mesmos valores de criar raízes e parceria que inspiram há 50 anos nossa relação com o setor agropecuário brasileiro, cujo profissionalismo, cuidado à terra e produção conhecemos.

Lamentamos muito que nossa comunicação tenha sido recebida como questionamento de nossa parceria com a produção agropecuária brasileira ou como uma crítica a ela.

Temos orgulho de sermos um grande parceiro histórico da agricultura brasileira. Sabemos que a agropecuária brasileira fornece carne de alta qualidade e sabor. Continuaremos a valorizar os setores agrícolas brasileiros, como fazemos há 50 anos. Por meio do nosso crescimento, contribuímos também para o desenvolvimento dos produtores agrícolas brasileiros, em uma lógica que sempre foi de parceria construtiva. Assim seguiremos prestigiando a produção e os atores locais e fomentando a economia do Brasil.

O Carrefour está empenhado em trabalhar, na França e no Brasil, em prol de uma agricultura próspera, seguindo nosso propósito pela transição alimentar para todos.

Abraços.


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