Lula chama Bolsonaro e filhos de ‘traidores’ e pede que deixem Brasil ‘viver em paz’
Petista afirmou que família do ex-presidente não teve ‘preocupação’ com os ‘prejuízos’ que a taxa de Trump pode causar ao Brasil
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou nesta quinta-feira (17) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os filhos dele de “traidores do século 20 e 21″. A fala foi feita em meio a críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou, na semana passada, taxa de 50% sobre todos os produtos brasileiros comprados pelos EUA, em defesa do ex-presidente Bolsonaro.
“Eles [Família Bolsonaro], na verdade, agora têm que ser tratados por nós como os traidores do século 20 e do 21, da história deste país. Ele [Jair Bolsonaro] que não venha mais falar da bandeira verde e amarela. Ele que tenha vergonha, se esconda na sua covardia e deixe este país viver em paz. Eles não tiveram nenhuma preocupação com os prejuízos que essa taxação vai trazer ao povo brasileiro, à indústria, à agricultura, aos serviços, ao salário do povo. Nenhuma preocupação”, destacou Lula, em evento da UNE (União Nacional dos Estudantes), em Goiânia.
A taxação, segundo Trump, é em resposta a uma suposta “censura” praticada pelo Brasil contra empresas norte-americanas e em defesa de Bolsonaro — que é, nas palavras do republicano, vítima de uma “caça às bruxas” (leia mais abaixo).
Após o anúncio de Trump, Lula determinou a criação de um comitê interministerial para discutir a tarifa, que tem vigência a partir de 1º de agosto. O grupo de trabalho é chefiado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e também reúne empresários e o setor produtivo.
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No evento da UNE, Lula voltou a criticar Trump e pediu novamente que o norte-americano respeite o Brasil. O petista afirmou, ainda, que a carta do republicano enviado a ele foi “desrespeitosa” e declarou que não aceitará ordens de “um gringo”.
“Eu estou jogando. O Brasil gosta de negociação, respeita negociação, dialogo, não tem contencioso com nenhum país do mundo, mas um cara, que nasceu em Caetés (PE), chegou em São Paulo com sete anos, comeu pão pela primeira vez com sete anos, sobreviveu criado por uma mãe com oito filhos e chegou à presidência da República, não é um gringo que vai dar ordem a este presidente”, destacou Lula.
Grupo de trabalho
O trabalho do governo federal busca reverter a taxação de Trump — desde a última terça (15), Alckmin tem se reunido com os setores produtivos impactados, além de representantes do agronegócio e empresas norte-americanas.
“Eu nasci aprendendo a fazer negociação. Tenho certeza que o presidente americano jamais negociou 10% do que eu negociei na minha vida, jamais. Então, se tem uma coisa que eu sei na vida é negociar. E é por isso que Brasil é defensor do multilateralismo”, destacou Lula.
Apesar do esforço, a gestão do petista não descarta aplicar a Lei da Reciprocidade, recém-aprovada pelo Congresso Nacional e regulamentada por decreto de Lula nesta semana.
O chefe do Executivo também cogita acionar a OMC (Organização Mundia do Comércio), da qual Brasil e EUA fazem parte.
“Estamos com muita tranquilidade. Meu vice [Geraldo Alckmin] e o ministro das Relações Exteriores [Mauro Vieira] estão negociando há mais de dois meses. Nada é conseguido na marra, mas tudo é conseguido numa boa conversa, numa boa disputa de conhecimento. Vamos responder da forma mais civilizada possível e da forma que um democrata responde”, acrescentou.
Tarifa de Trump
Em carta, enviada nominalmente a Lula na semana passada, Trump anunciou que, a partir de 1º de agosto, vai taxar em 50% todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. O texto foi publicado no portal do presidente norte-americano.
Segundo o republicano, a medida é uma resposta direta a supostos ataques do Brasil à liberdade de expressão de empresas norte-americanas e à forma como o país tem tratado Bolsonaro.
Além de inelegível até 2030, o ex-presidente é réu no STF (Supremo Tribunal Federal) por tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.
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