Lula defende Haddad depois de derrotas no Congresso: ‘Ministro extraordinário’
Ministro da Fazenda tem sido pressionado para ajustar contas públicas; Pacheco devolveu MP de Haddad na terça
Brasília|Ana Isabel Mansur e Plínio Aguiar, do R7 em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quinta-feira (13) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pressionado pelo mercado financeiro na concretização da agenda econômica e no equilíbrio das contas fiscais, especialmente depois que o Congresso Nacional devolveu ao Executivo trechos da medida provisória que propunha alterações nas regras do PIS/Cofins. A fala de Lula foi feita a jornalistas em Genebra, na Suíça, depois de discurso em fórum da ONU (Organização das Nações Unidas).
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“Não tenho nada com o Haddad. O Haddad é um extraordinário ministro da Fazenda, não sei qual é a pressão. Todo ministro da Fazenda vira o centro do debate, quando a coisa dá certo e quando não dá certo. O Haddad tentou ajudar os empresários construindo uma alternativa à desoneração, feita para aqueles 17 grupos, que não deveria ter sido o Haddad a assumir a responsabilidade. O Haddad assumiu, fez uma proposta e os mesmos empresários não quiseram”, afirmou Lula.
A MP devolvida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), era uma alternativa para compensar a desoneração da folha de pagamento. O governo calcula que os créditos do PIS/Cofins podem render R$ 29,2 bilhões aos cofres públicos.
Lula afirmou, ainda, que, agora, o tema está fora da alçada de Haddad. “E agora tem uma decisão da Suprema Corte, que se em 45 dias não tiver um acordo, vai acabar com a desoneração. E era o que eu queria, por isso vetei na época. Agora a bola não está mais na mão do Haddad, a bola está na mão do Senado e dos empresários. Encontrem uma solução. O Haddad tentou, não aceitaram, agora encontrem uma solução”, acrescentou o presidente.
A pressão sobre o ministro da Fazenda também cresceu depois que Lula afirmou a investidores, no Rio de Janeiro (RJ), nessa quarta (12), que o governo está “colocando as contas públicas em ordem para assegurar o equilíbrio fiscal”, mas que “não consegue discutir economia sem colocar a questão social na ordem do dia”. A declaração levou à disparada do dólar e à queda da bolsa.
Na tentativa de conter os ânimos do mercado, Haddad se reuniu com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, nesta quinta (13). Depois do encontro, Tebet e Haddad fizeram um discurso à imprensa em defesa da intensificação na agenda de revisão e corte de gastos.
Haddad afirmou que já existe uma equipe focada na agenda de revisão de gastos, mas garantiu que, a partir de agora, os trabalhos serão intensificados em busca de maior clareza na elaboração do orçamento de 2025. “Vamos manter um ritmo mais intenso de trabalho este mês”, declarou.
O ministro destacou que as equipes têm atuado na pauta com uma reavaliação ampla, geral e irrestrita das despesas do país. Haddad garantiu, ainda, que a Fazenda e o Planejamento estão “bastante” sintonizados nessa agenda.
Ele afirmou que os gastos primário e tributário, além do gasto financeiro do Banco Central, precisam ser revistos. “[A agenda de gastos] está ganhando ao longo do tempo tração cada vez maior”, afirmou, ao reforçar que o Congresso tem apoiado esta pauta.
Tebet endossou o discurso e afirmou que, diferentemente do ajuste via receitas — que começou a se exaurir em meio ao princípio de não ter aumento de carga tributária —, existe hoje uma ampla margem para rever despesas. O cardápio de alternativas, segundo ela, ainda não foi levado ao presidente Lula.