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Lula diz que disputa por Essequibo não foi resolvida em 100 anos e solução pode levar décadas

Presidente negou que tenha conversado sobre tema com presidente da Guiana, Irfaan Ali, em reunião realizada nesta quinta

Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília

Lula se reuniu de forma bilateral com Irfaan Ali
Lula se reuniu de forma bilateral com Irfaan Ali Lula se reuniu de forma bilateral com Irfaan Ali (Ricardo Stuckert/PR - 29.02.2024)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (29) que a crise entre Guiana e Venezuela pelo território de Essequibo, disputado pelos dois países, não foi resolvida em 100 anos e é possível que leve mais "algumas décadas" para se chegar a uma solução. O brasileiro destacou que não tratou do tema durante a reunião bilateral com o presidente guianês, Irfaan Ali, e tampouco vai falar sobre o assunto com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em encontro marcado para sexta-feira (1º).

"O Brasil vai continuar empenhado para que as coisas aconteçam na maior tranquilidade o possível. Se em 100 anos não foi possível resolver esse problema, é possível que a gente leve mais algumas décadas. A única coisa que eu tenho certeza é que a violência não resolverá esse problema, criará outros problemas", disse o presidente.

Lula destacou que o assunto não pode ser "esquecido" e que vai trabalhar para que a crise seja motivo de "muita conversa e muito debate". "O Brasil tem uma decisão de que o mundo não comporta mais atrito. O mundo precisa encontrar a paz para a gente construir um mundo mais humanitário, mais solidário, com menos sofrimento. É preciso que a gente tenha um pouco mais de paciência para que a gente não gere mais violência."

O líder brasileiro se reuniu com Ali e tem um encontro marcado com Maduro nesta sexta-feira, mas diz que não vai tratar do assunto com nenhum dos presidentes latino-americanos. "Não discutimos. Por quê? Não é o momento de discutir. Era uma reunião bilateral para discutir desenvolvimento, investimento. O presidente Irfaan, assim como o presidente Maduro, sabe que o Brasil está disposto a conversar com eles na hora que for necessário, quando for necessário, porque queremos convencer as pessoas de que é possível, através de muito diálogo, a gente encontrar a manutenção da paz", argumentou. 

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Entenda

O impasse pelo domínio do território se agravou depois que a Venezuela celebrou, em 3 de dezembro do ano passado, um referendo no qual mais de 95% dos participantes aprovaram a criação de uma província em Essequibo, que representa dois terços da Guiana, e dar nacionalidade venezuelana aos 125 mil habitantes da zona em disputa. Após a consulta, o ditador venezuelano Nicolás Maduro anunciou a concessão de licenças para extrair petróleo no local.

No fim de 2023, diante da iminência de uma guerra, o governo brasileiro chegou a reforçar a presença das tropas militares em Roraima. Nicolás Maduro e Irfaan Ali se encotraram em dezembro e fizeram um acordo no qual descartaram o uso da força.

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No início deste ano, foi realizada uma rodada de diálogo em Brasília, por meio do chanceler Mauro Vieira e com auxílio dos governos de São Vicente e Granadinas — que preside a Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) — e de Dominica, que preside a Caricom (Comunidade do Caribe). Os três países têm atuado como principais interlocutores, desde o início da crise, na busca de uma solução pacífica.

Solução simples

Na quarta-feira (28), o ministério das Relações Exteriores avaliou que a disputa entre os dois países "não é um problema simples", mas que o Brasil conseguiu que as duas nações sentassem à mesa e iniciassem o diálogo.

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"Por enquanto, a gente não resolveu o problema. Não é um problema simples, mas conseguimos que os países se sentassem e começassem um diálogo, que não é curto, não é simples, mas começou", afirmou a embaixadora Gisela Padovan, que atua como secretária de América Latina do Itamaraty. Questionada sobre o papel brasileiro na mediação da crise, Padovan destacou a neutralidade do governo e a busca por uma solução negociada.

"O Brasil não se manifesta a respeito do cerne da questão entre Guiana e Venezuela porque não nos compete. O que nos compete é facilitar o diálogo. A nossa posição se baseia em defender que o problema e a solução são uma questão bilateral, de respeito aos tratados internacionais, que é base da nossa Constituição", disse.

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