O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (18) que uma eventual revisão de gastos públicos do governo não vai atingir os mais humildes. De acordo com ele, o povo “que mais necessita do Estado” não pode ser prejudicado.“Não me venham querer fazer ajuste em cima das pessoas mais humildes desse país. Eu estou disposto a discutir o Orçamento, com a maior seriedade, com a Câmara, com o Senado, com as empresas, os banqueiros, mas que a gente faça que o povo mais humilde, que mais necessita do Estado, não seja prejudicado, como em alguns momentos da história foi”, afirmou o presidente em entrevista a uma rádio.Na segunda-feira (17), o presidente teve uma reunião com a equipe econômica para tratar sobre orçamento e foi informado de que, atualmente, o país concede ao menos R$ 546 bilhões em benefícios fiscais para empresas. Ele criticou esse valor.“A gente discutindo um corte de R$ 10 bilhões, de R$ 15 bilhões, R$ 12 bilhões, e de repente você descobre que tem R$ 546 bilhões de benefícios fiscais para os ricos desse país. Como é possível? E aí, [querem] tentar jogar isso em cima de quem? Do aposentado, do pescador, da empregada doméstica, da dona de casa? Então quero discutir com seriedade”, comentou.Em discussão interna na equipe econômica, a “ampla, geral e irrestrita” revisão de gastos públicos deve ser analisada posteriormente por Lula. Entre as opções, estão a desvinculação em benefícios, como BPC (Benefício de Prestação Continuada), abono salarial e seguro-desemprego, além da previdência dos militares. As opções ainda não foram apresentadas ao chefe do Executivo, mas segundo fontes ouvidas pelo R7, isso deve ser feito até o fim do mês.A equipe orçamentária avalia que podem ser cortadas despesas primárias, voltadas para as políticas públicas; as financeiras, que são resultantes do pagamento de uma dívida do governo; e os gastos tributários, realizados por meio da redução da carga tributária. Lula quer blindar os possíveis cortes nas áreas da saúde e da educação, que são indexados ao desempenho da receita e, com isso, crescem acima do limite do arcabouço fiscal.Um dos focos é a desvinculação da aposentadoria em benefícios como BPC, abono salarial, auxílio-doença, seguro-desemprego. A lista é encabeçada pelos pagamentos que são temporários. A ideia é modernizar essas medidas, “realinhar e requalificar” os gastos públicos, segundo uma integrante do governo.Na pauta de discussão, está também a previdência dos militares. Em relatório, o TCU (Tribunal de Contas da União) apontou que o sistema de aposentadoria e pensões das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) arrecadou R$ 9,1 bilhões em 2023, mas as despesas somaram R$ 58,8 bilhões, o que resultou em déficit de R$ 49,7 bilhões.