Lula diz que 'não é fácil encontrar solução definitiva' para o desmatamento na Amazônia
Presidente afirmou que o país quer parar de desmatar até 2030 e que consenso com outros países 'demanda muito trabalho'
Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta segunda-feira (14) que não é fácil encontrar uma solução definitiva para acabar com o desmatamento na Amazônia e que “demanda muito trabalho” entrar em consenso com os demais países da América do Sul que têm a floresta em seus territórios para que todos solucionem o problema.
Na semana passada, o presidente teve uma reunião com representantes de Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela para discutir sobre a preservação da Amazônia. Ao fim do encontro, os líderes amazônicos assinaram uma declaração na qual se comprometem a cessar o desmatamento, mas não foi anunciado um prazo comum para que todos alcancem a meta.
“Muita gente, às vezes, fica achando que a gente deveria ter encontrado a solução definitiva. Não é fácil encontrar a solução definitiva, porque demanda muito trabalho, muitos anos de trabalho”, comentou o presidente em live nas redes sociais.
De todo modo, Lula classificou o encontro como extraordinário. “Todo mundo estava totalmente despojado, dedicando tudo que tem para a preservação da floresta, cada um com sua tese. A gente não quer que cada presidente abra mão da sua convicção, daquilo que eles acreditam. Coloca na mesa e vamos debater. E, dentre as divergências, a gente vai construindo aquilo que é possível fazer, aquilo que dá para cada um fazer”, afirmou.
A meta do Brasil é zerar o desmatamento na Amazônia até 2030. Lula afirmou que o governo vai fazer o possível para alcançar o objetivo. “Quando nós anunciamos até 2030 desmatamento zero, não é obra de ficção. É perseguição que vamos fazer. Vamos ter que conversar com todos os prefeitos que estão na floresta amazônica, porque nós não queremos ficar brigando com prefeito. Queremos que eles sejam parceiros para que a gente possa tê-los como aliados no combate às queimadas, ao desmatamento”, disse.
Ajuda de países ricos
Na transmissão, Lula afirmou que os países ricos devem fazer contribuições financeiras para que nações em desenvolvimento que têm florestas tropicais possam preservá-las. Segundo ele, não se trata de um “favor”, mas sim de um pagamento de uma “dívida” que as nações desenvolvidas têm com o planeta Terra.
"É muito simples compreender. Os países ricos tiveram sua introdução na Revolução Industrial bem antes que o Brasil. Então, são responsáveis pela poluição do planeta. Eles conseguiram derrubar todas as suas florestas muito antes de nós. Agora, o que têm que fazer é contribuir financeiramente para que os outros países possam se desenvolver", cobrou Lula.
“Vocês derrubaram as florestas de vocês 100 anos antes de nós. Então, agora, vocês paguem para que a gente possa preservar nossa floresta, gerando emprego, oportunidade de trabalho e, quem sabe, condições de melhorar a vida das pessoas. Não queremos 'ajuda', queremos um pagamento efetivo. É como se tivessem pagando uma coisa que devem à humanidade”, disse o presidente.