Lula recebe parentes de brasileiro sequestrado pelo Hamas; família teme que ele esteja sem remédios
Emocionadas, a irmã e a filha de Michel Nisenbaum não quiseram falar com a imprensa após o encontro com o presidente
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta segunda-feira (11) Mary Shohat e Hen Mahluf, respectivamente a irmã e a filha de Michel Nisenbaum, brasileiro com nacionalidade israelense mantido refém pelo grupo terrorista Hamas desde 7 de outubro. O encontro ocorreu no Palácio do Planalto, em Brasília. Elas não têm informações sobre Nisenbaum e temem que ele não esteja tomando os remédios de uso contínuo de que precisa.
Emocionadas, Mary e Hen não quiseram dar entrevista. "A gente prefere não falar neste momento. Mil desculpas", declarou a irmã de Michel. Lula postou um registro do encontro nas redes sociais.
O senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, também participou do encontro. O parlamentar afirmou que Lula chegou a citar nominalmente Michel Nisenbaum em reuniões que manteve na cúpula das Nações Unidas para o clima (COP28), em Dubai, no início de dezembro. "Lula está contribuindo. Inclusive, nessa última viagem, para a COP, ele encontrou o presidente do Catar e líderes de países que se sabe que têm acesso à liderança do Hamas. Citou o nome do Michel, que foi anotado pelos interlocutores", destacou Wagner.
• Clique aqui e receba as notícias do R7 no seu WhatsApp
• Compartilhe esta notícia pelo WhatsApp
• Compartilhe esta notícia pelo Telegram
• Assine a newsletter R7 em Ponto
De acordo com Wagner, a liberação dos reféns é a "preocupação número 1" do presidente e de "todos que são democratas". "Particularmente com o Michel, homem com a característica de ser muito solidário a todos. Elas [irmã e filha de Michel] pediram a Lula alguns cuidados adicionais. Elas externaram sentimento, óbvio, de muita ansiedade e angústia. São mais de dois meses que Michel foi sequestrado. Estão preocupadas porque ele depende de alguns medicamentos, e elas não sabem se estão sendo oferecidos para ele ou outros reféns. Até agora, a Cruz Vermelha não teve acesso aos reféns", completou.
Segundo o senador, Lula sinalizou que continua o trabalho de interlocução com líderes mundiais. "É o que ele pode fazer, conversar com pessoas que possam chegar lá [ao Hamas]. A diplomacia brasileira está trabalhando nesse sentido, e, infelizmente, temos de aguardar. Não temos controle sobre as decisões do Hamas", afirmou.
"O presidente e a diplomacia podem convocar, no bom sentido, a Cruz Vermelha e a ONU para que consigam [chegar aos reféns], mas dependem também de autorização. Além da questão de mediar e fazer relacionamento, Lula não tem outras coisas [que podem ser feitas], mas fez questão de recebê-las, exatamente por serem parentes próximas do brasileiro entre os sequestrados", concluiu.
O senador confirmou o encontro entre Lula e as familiares de Nisenbaum mais cedo nesta segunda. "Acabo de vir da sala do senhor presidente da República, que está se dispondo a receber a irmã e a filha do sequestrado e refém em Gaza, tanto para dizer uma palavra de conforto, se é que é possível, como para garantir que a diplomacia e o próprio presidente estão empenhados em achar um caminho para conseguir a liberação de todos os reféns", disse.
Nisenbaum, de 59 anos, nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro, e se mudou para Israel ainda na adolescência. Ele é pai de duas filhas e avô de cinco crianças e aguarda o nascimento do sexto neto. Trabalha no setor de tecnologia, mas também é motorista de ambulância voluntário na organização United Hatzalah. A mulher e as filhas dele tentam entender o que ocorreu no dia em que os terroristas do Hamas invadiram o território israelense, massacraram 1.200 pessoas e sequestraram 240, entre elas o brasileiro. O Itamaraty confirmou o desaparecimento dele.
Familiares e amigos descrevem Nisenbaum como uma pessoa divertida, bem-humorada, que adora viajar. Recentemente, ele concluiu um curso de guia de turismo e estava empolgado com a perspectiva de realizar seu sonho de trabalhar na área. Ele fala três línguas e já acompanhava grupos de turistas em alguns passeios por Israel.