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R7 Brasília

‘Manter fechadíssimo’, diz Heleno para blindar Flávio de investigação sobre rachadinha

Elaboração de plano para buscar dados em órgãos oficiais foi discutida em reunião com Jair Bolsonaro

Brasília|Bruna Lima e Gabriela Coelho, do R7, em Brasília

General Augusto Heleno
Augusto Heleno alertou para que plano ficasse 'fechadíssimo' Marcos Corrêa/PR - 03/01/2019

Em áudio obtido pela Polícia Federal de uma reunião para traçar planos de blindar uma investigação mirando Flávio Bolsonaro (PL), o ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Augusto Heleno afirma que o movimento em busca de dados em órgãos oficiais precisa ficar “fechadíssimo”. O encontro ocorreu em 2020 e contou com a participação de Jair Bolsonaro e do ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem, além de advogadas.

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Na gravação, cujo sigilo foi quebrado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes nesta segunda-feira (15), os envolvidos tratam sobre providências para tentar livrar o senador Flávio de uma investigação da Receita Federal sobre o possível esquema de “rachadinha” em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro na época em que era deputado estadual.

“Rachadinha” é o nome dado a uma manobra em que os funcionários devolvem parte do salário recebido ao parlamentar. Segundo o MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), a investigação do caso começou depois do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificar movimentações bancárias atípicas no nome de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio apontado como uma das pessoas ligadas à movimentação no gabinete do parlamentar.

“Fechadíssimo”

Na conversa, o entorno de Bolsonaro discutia formas de denunciar auditores fiscais que investigaram Flávio, buscando a nulidade de provas. Para isso, tentavam achar meios para comprovar a tese de que houve erro na forma de conduzir o caso por parte dos investigadores.


“Olha, em tese, com um clique você consegue saber se um funcionário da Receita [inaudível] esse acesso lá”, disse a advogada no áudio da reunião.

Augusto Heleno afirmou ser necessário alertar a pessoa de confiança que poderia fazer essa checagem para que não houvesse exposição do plano. “Tentar alertar ele que, ele tem que manter esse troço fechadíssimo. Pegar gente de confiança dele. Se vazar [inaudível]. O ex-GSI referir-se a Gustavo Canuto, ex-presidente da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev) e ministro do Desenvolvimento Regional na gestão Bolsonaro.


Bolsonaro concordou com o plano e fez a ressalva de que fosse deixado claro “que não estamos procurando favorecimento de ninguém”. Segundo o ex-presidente, seria importante frisar isso porque “a gente nunca sabe se alguém tá gravando alguma coisa”.

Defesa

Após a quebra do sigilo sobre o áudio, o senador Flávio Bolsonaro afirmou que a gravação “mostra apenas minhas advogadas comunicando as suspeitas de que um grupo agia com interesses políticos dentro da Receita Federal e com objetivo de prejudicar a mim e a minha família”. “A partir dessas suspeitas, tomamos as medidas legais cabíveis. O próprio presidente Bolsonaro fala na gravação que não ‘tem jeitinho’ e diz que tudo deve ser apurado dentro da lei. E assim foi feito. É importante destacar que até hoje não obtive resposta da justiça quanto ao grupo que acessou meus dados sigilosos ilegalmente”, defendeu-se.


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