Marinha nega mobilização de tanques e participação em suposto plano golpista
Posicionamento da Marinha foi dado na manhã desta quarta-feira em nota oficial à imprensa
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília
A Marinha do Brasil negou nesta quarta-feira (27) participação em suposto plano golpista e a mobilização de tanques para um ataque democrático. O posicionamento foi dado em nota oficial divulgada à imprensa. Segundo os militares, “em nenhum momento houve ordem, planejamento ou mobilização de veículos blindados para a execução de ações que tentassem abolir o Estado Democrático de Direito”.
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“Sublinha-se que a constante prontidão dos meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais não foi e nem será desviada para servir a iniciativas que impeçam ou restrinjam o exercício dos Poderes Constitucionais. A Marinha do Brasil, instituição nacional, permanente e regular, assegura que seus atos são pautados pela rigorosa observância da legislação, valores éticos e transparência”, diz o texto.
A Marinha acrescenta que está à disposição dos órgãos competentes para “prestar as informações que se fizerem necessárias para o inteiro esclarecimento dos fatos, reiterando o compromisso com a verdade e com a justiça”.
Segundo investigação da Polícia Federal, no entanto, o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, teria apoiado a suposta trama golpista e mobilizado tanto a estrutura como recursos para participar da suposta tentativa de golpe. Em uma troca de mensagens entre o tenente-coronel do Exército Sergio Ricardo Cavaliere e Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro diz que o almirante Almir servia como aliado estratégico.
“O Alte Garnier é patriota. Tinham tanques no arsenal prontos”, alegou o contato. Em reposta, o interlocutor diz que o “01″, referindo-se ao ex-presidente Jair Bolsonaro, deveria ter “rompido” com a Marinha, que o Exército e Aeronáutica iriam atrás.
Almir é uma das 37 pessoas indiciadas em relatório da PF.
‘Dentro das quatro linhas’
O ex-presidente Jair Bolsonaro negou as informações do relatório da PF. Segundo ele, a palavra golpe “nunca esteve no dicionário”. “Vamos tirar da cabeça essa história de golpe, ninguém vai dar golpe com general da reserva e mais meia dúzia de oficiais. É um absurdo o que estão falando. Da minha parte, nunca houve discussão de golpe”, afirmou.
Bolsonaro acrescentou ainda que se alguém fosse discutir golpe com ele, o ex-chefe do executivo questionaria como ficaria o dia seguinte. “Eu falaria ‘tudo bem, e o after day? Como fica o dia seguinte? Como fica o mundo perante a nós? Todas as medidas possíveis dentro das quatro linhas, dentro da Constituição, estudei”, declarou.
“Golpe de Estado tem que ter a participação de todas as Forças Armadas, senão não é golpe de Estado. Ninguém dá golpe de Estado em um domingo, em Brasília, com pessoas que estavam aí com bíblias debaixo do braço e bandeira do Brasil na mão, nem usando estilingue e bolinha de gude e muito menos batom. Não tinha um comandante”, finalizou.
O relatório levou ao indiciamento de Bolsonaro e mais 36 pessoas. A PF indiciou os investigados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Veja a lista completa dos indiciados:
- Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Anderson Gustavo Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública;
- Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
- Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022;
- Valdemar Costa Neto, presidente do PL;
- Alexandre Rodrigues Ramagem, deputado federal e ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Investigação);
- Filipe Garcia Martins, ex-assessor especial para assuntos internacionais de Bolsonaro;
- Ailton Gonçalves Moraes Barros, ex-major do Exército;
- Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, coronel do Exército;
- Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;
- Amauri Feres Saad, advogado;
- Anderson Lima de Moura, coronel do Exército;
- Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército;
- Bernardo Romao Correa Netto, coronel do Exército;
- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, engenheiro;
- Carlos Giovani Delevati Pasini, coronel do Exército;
- Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército;
- Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, general do Exército;
- Fabrício Moreira de Basto;
- Fernando Cerimedo, consultor político;
- Giancarlo Gomes Rodrigues, subtenente do Exército;
- Guilherme Marques de Almeida, coronel do Exército;
- Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército;
- José Eduardo de Oliveira e Silva, padre;
- Laercio Vergilio, general da reserva do Exército;
- Marcelo Bormevet, policial federal;
- Marcelo Costa Câmara, coronel do Exército;
- Mario Fernandes, general da reserva do Exército;
- Nilton Diniz Rodrigues, general do Exército;
- Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, economista e blogueiro;
- Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel do Exército;
- Ronald Ferreira de Araujo Junior, tenente-coronel do Exército;
- Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, tenente-coronel do Exército;
- Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro; e
- Wladimir Matos Soares, policial federal.