Ministério da Agricultura prepara MP para compra de até 1 milhão de toneladas de arroz
Ideia inicial é adquirir 200 mil toneladas e, conforme retorno à normalidade, avaliar a necessidade de novas compras
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, declarou nesta terça-feira (7) que a pasta prepara uma medida provisória para compra pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), por meio de leilão, de até 1 milhão de toneladas de arroz. A preocupação do governo federal com o abastecimento do item é decorrente das fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul, estado responsável por 70% do arroz consumido no Brasil. O objetivo da compra é evitar desabastecimento e especulação.
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A ideia inicial do Executivo é fazer um leilão para aquisição de 200 mil toneladas e, conforme o mercado for retornando à normalidade, avaliar a necessidade de novas compras. A fala de Fávaro foi dada no Palácio do Planalto, depois de reunião da sala de situação criada para acompanhar a situação no RS. O número de mortos no estado chega a 95.
“Este momento ainda é de resgate de vítimas. A estrutura tem dee ser usada nisso”, esclareceu. “O governo não pensa em concorrer com os produtores de arroz, mas temos que compreender que o RS tem 70% da produção de arroz do Brasil. A segunda medida mais importante, discutida de ontem para hoje, foi a questão de importação de arroz”, destacou Fávaro.
“O leilão deve ser competitivo para o Mercosul. Deve vir da Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. Não estamos fazendo nada excepcional, o Brasil já importa arroz”, completou. O R7 apurou que o governo federal também estuda importar o produto da Venezuela.
Fávaro calcula que a expectativa de perda de arroz diz respeito aos grãos que ainda estão nas lavouras — cerca de 1,6 milhão de toneladas, do total de 7 a 8 milhões de toneladas produzidas no Rio Grande do Sul. “Ainda não se sabe quanto foi perdido nos armazéns”, acrescentou.
“No fim do ano passado, tivemos alta na entressafra de arroz. A safra era boa e mais de 70% foi colhido. O problema é que teremos perdas nas roças e também nos silos [armazéns]. Além disso, tem a dificuldade logística de retirar o produto do RS”, ponderou Fávaro.
Segundo o ministro, agricultores do Rio Grande do Sul pediram a prorrogação, por 90 dias, de todos os débitos do setor. Essa iniciativa, porém, depende de decisão do CMN (Conselho Monetário Nacional). “A ministra Simone Tebet [do Planejamento e Orçamento] vai encaminhar esse voto em reunião extraordinária do CMN”, afirmou Fávaro, que se reuniu com representantes do setor nesta terça (7) e deve se encontrar também com cooperativas para reunir as demandas.