O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Repubublicanos-PB), disse, nesta sexta-feira (7), que os atos extremistas que aconteceram em 8 de janeiro de 2023, em Brasília, não foram uma tentativa de golpe de Estado. Para ele, houve uma “agressão às instituições” por parte de “vândalos”.“Foi uma agressão às instituições, uma agressão inimaginável, ninguém imaginava que aquilo pudesse acontecer. Ninguém imaginava que aquilo pudesse acontecer. Querer dizer que foi um golpe? Golpe tem que ter um líder, golpe tem que ter uma pessoa estimulando, apoio de outras instituições interessadas, como as Forças Armadas”, disse Motta.“E não teve isso. Ali foram vândalos, baderneiros, que queriam demonstrar sua revolta achando que aquilo ali poderia resolver talvez com o não prosseguimento do mandato do presidente Lula”, completou em entrevista à rádio Arapuan.Os presos pelo atos extremistas estão sendo condenados pelo crime de atentado ao Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Motta ainda questionou a dosimetria das penas aplicadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal).“Você não pode penalizar uma senhora que passou na frente lá do Palácio, não fez nada, não jogou uma pedra e receber 17 anos de pena para regime fechado. Há um certo desequilíbrio nisso”, continuou.“Nós temos de punir as pessoas que foram lá que quebraram que depredaram, essas pessoas sim, precisam e devem ser punidas para que isso não aconteça novamente. Mas entendo que não dá para exagerar no sentido das penalidades com quem não cometeu atos de tanta gravidade”, finalizou.Em 8 de janeiro de 2023, manifestantes invadiram as sedes dos Três Poderes e depredaram as instalações. Eles não concordavam com a eleição nem com a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.A oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também acredita que não houve tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro. Eles ainda defendem a anistia aos condenados pelo crime. Um projeto sobre o tema tramita na Câmara e quase foi aprovado pela CCJ da Casa em 2024.Na época, o então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tirou o texto da CCJ e criou uma comissão especial para analisá-lo. O colegiado, contudo, nunca foi instalado, pois não houve abertura para indicação de membros.Para apoiar a eleição de Motta ao comando da Câmara, o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, condicionou a pauta do projeto em plenário. Eles trabalham agora na conquista de votos dos deputados dos demais partidos e acreditam, até mesmo, ser possível levar a proposta diretamente ao plenário da Casa, sem a necessidade de passar por comissões.À RECORD, Motta disse que a decisão de pautar ou não o projeto da anistia vai ser do colégio de líderes da Câmara. “Nós vamos tratar com muita cautela, para que não venha a ser mais um fator pra causar tensionamento entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Nós vamos dialogar e vamos sentir o ambiente político para ver se dá para ser pautada ou não. Não tem decisão tomada nesse sentido”, disse Motta na ocasião.“Nós temos a tranquilidade de, quando essas matérias são trazidas até à Presidência, conduzir ouvindo o colégio de líderes. Temos que ter sempre a capacidade de dividir os ônus dessas decisões”, acrescentou.