Motta diz que líderes vão decidir se Câmara vota anistia pelo 8/1: ‘Vamos ver o ambiente político’
Em entrevista exclusiva à RECORD News, presidente da Câmara reconhece que tema é complexo e que será tratado com cautela
Brasília|Do R7

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse nesta terça-feira (4) em entrevista exclusiva à RECORD News que a decisão de pautar ou não a votação na Casa de um projeto de lei para conceder anistia aos presos por envolvimento nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 vai ser do colégio de líderes da Câmara.
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“Nós vamos tratar com muita cautela, para que não venha a ser mais um fator pra causar tensionamento entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Nós vamos dialogar e vamos sentir o ambiente político para ver se dá para ser pautada ou não. Não tem decisão tomada nesse sentido”, disse Motta.
“Nós temos a tranquilidade de, quando essas matérias são trazidas até à Presidência, conduzir ouvindo o colégio de líderes. Temos que ter sempre a capacidade de dividir os ônus dessas decisões”, acrescentou.
Tensão com o Judiciário
Durante a entrevista, Motta foi questionado se daria espaço para a análise de projetos que limitam os poderes do STF (Supremo Tribunal Federal). O deputado respondeu que também vai caber ao colégio de líderes decidir se isso é uma prioridade da Câmara.
“Todos esses temas deverão ser levados ao colégio de líderes, e lá estabeleceremos o que será priorizado na pauta do dia a dia da Casa”, comentou.
“A pauta é prerrogativa do presidente, mas construída sempre em acordo com colégio de líderes. Semanalmente, teremos nossa pauta sendo divulgada com antecedência, com relatórios construídos e divulgados de maneira pública com no mínimo uma semana para que todos os parlamentares, a imprensa, a sociedade, acompanhe o dia a dia da casa com mais tranquilidade, sem se pautar de última hora”, continuou.
Apesar disso, Motta disse que vai sempre buscar o diálogo com o Supremo. “O Brasil tem outros graves e grandes problemas para estar perdendo energias com os Poderes batendo cabeça. Eu entendo que o STF cumpre um papel importante para a nossa sociedade, assim como o Legislativo e o Executivo.”
“Temos que ter maturidade para poder entender que quando os Poderes estão rivalizando, disputando algum assunto, todo o país sai perdendo. Quando há intervenção de um Poder no outro, é muito ruim para o país. Nós deixamos de cuidar daquilo que realmente importa, que a população espera de nós, quando nós desviamos o foco e deixamos de cuidar do que realmente importa para estar discutindo o que, na minha avaliação, deveria ser tratado de forma mais periférica, e não de forma central”, destacou Motta.
Mais previsibilidade
Na entrevista, Motta disse que pretende dar mais previsibilidade à pauta de votações da Câmara e que quer dividir o protagonismo com os demais deputados.
“O que eu vou procurar fazer enquanto presidente da Casa é otimizar em tudo o que eu puder para trazer mais eficiência, dividir um pouco mais o protagonismo da Casa entre os parlamentares, tentar organizar a pauta de forma que os deputados tenham condição de debater melhor o que está sendo votado, fortalecer comissões permanentes”, destacou.
“Quando o debate acontece nas comissões, acaba prestigiando parlamentares que fazem parte das comissões, os presidentes das comissões que vão ter a responsabilidade de distribuir relatoria, pautar o assunto na comissão. Com isso, fazer com que a Casa como um todo possa ter protagonismo, possa ter vez, possa ter voz”, completou o presidente da Câmara.