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R7 Brasília

Mourão vê relação entre desmatamento na Amazônia e 'processo eleitoral'

Para vice, criminosos pensam que há menor fiscalização durante o período; número de alertas de devastação foi recorde em abril

Brasília|Lucas Nanini, do R7, em Brasília

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta segunda-feira (9) que o aumento no número de alertas de desmatamento na Amazônia Legal, que registrou recorde para o mês de abril, pode ter ocorrido porque os responsáveis pelos crimes ambientais entendem que há menor fiscalização durante o período eleitoral. Mourão é o presidente do CNAL (Conselho Nacional da Amazônia Legal).

“O que eu vejo, talvez, não sei, pessoas querendo se aproveitar do momento. Nós estamos num processo eleitoral. Então, vamos dizer assim, a vigilância é menor, na tese deles aí. É muita gente operando na ilegalidade”, disse.

Houve um novo recorde no número de alertas de desmatamento na Amazônia Legal em abril. Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), foram 1.013 km² de floresta devastada no mês passado, o maior registro para o mês desde o início da série histórica, em 2016.

O número de alertas de desmatamento para abril vem crescendo anualmente. No ano passado, também houve recorde para o período, com 580 km². A alta de 2021 para 2022 foi de 74,66%. O sistema de alertas do Inpe (Deter) é um levantamento de alteração da cobertura florestal.


Desmatamento na Amazônia
Desmatamento na Amazônia

Mourão reconheceu que os números são “péssimos”, "horrorosos”, e disse que o governo está verificando onde pode ter havido erro na fiscalização. Segundo ele, os ministérios da Justiça e do Meio Ambiente atuam em conjunto em uma operação para combater as ações de devastação da floresta amazônica.

O vice-presidente descartou a implantação de uma nova GLO (Garantia da Lei e da Ordem) na Amazônia por questão de orçamento. “Acho difícil porque a GLO tem um custo, e nós estamos com orçamento estrangulado até o final.” A medida permite o emprego de militares no combate a crimes ambientais.


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Segundo Mourão, o CNAL não imaginava que o balanço apresentaria números tão ruins. “Não, não estava [esperando] porque houve um tempo em que os satélites não estavam enxergando alguma coisa, então os dados não estavam, vamos dizer assim, aparecendo da forma como apareceram no final.”

A causa para os satélites não captarem as imagens que demonstrariam a realidade sobre o desmatamento tem relação com o surgimento de nuvens, diz Mourão. “O nosso problema para melhorar a fiscalização é que a gente consiga implantar o sistema de bases fixas, que está previsto nesse plano aí, no Guardiões do Bioma. Mas aí depende de recursos”, disse.

A operação Guardiões do Bioma é uma iniciativa do governo federal para combater o desmatamento nos estados do Amazonas, Pará, Mato Grosso e Rondônia. Segundo o Ministério da Justiça, serão investidos R$ 170 milhões na ação, que prevê intensificarão na apuração dos alertas para “identificar e responsabilizar os financiadores e mandantes de crimes ambientais, além de descapitalizar as organizações criminosas envolvidas”.

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