MPDFT apura denúncias de tortura durante curso de formação da Polícia Militar
Policial afirma que foram oito horas de agressões e que ficou seis dias internado
Brasília|Do R7, em Brasília
A 3ª Promotoria de Justiça Militar e a Corregedoria da Polícia Militar do Distrito Federal cumpriram 14 mandados de prisão temporária nesta segunda-feira (29) para apurar uma denúncia de tortura contra um soldado durante curso de formação do BPChoque (Batalhão de Polícia de Choque). A operação aconteceu a pedido do MPDFT (Ministério Público do DF e Territórios).
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Além dos mandados de prisão, o ministério público decretou a apreensão de celulares dos militares supostamente envolvidos e a suspensão do curso até que a investigação seja concluída. O comandante do BPChoque foi afastado.
Danilo Martins alega que foi torturado por colegas da corporação durante um curso dentro do Batalhão até que desistisse do curso, que foi realizado na última segunda-feira (22). Ele conta que foram oito horas de tortura que resultaram em seis dias de internação hospitalar. Assista a entrevista dada ao Balanço Geral abaixo.
Depois de ter se recusado a assinar, o policial diz que teve gás lacrimogêneo e gás de espuma jogados em seu rosto e que foi agredido com pauladas na cabeça e chutes no joelho, rosto e estômago. “A todo momento diziam para eu assinar [o termo], eu disse não e foram evoluindo as violências até eu me lesionar”, relata.
Danilo diz que foi liberado depois assinar a desistência e procurou atendimento médico. Ele foi diagnosticado com insuficiência renal, rabdomiólise - ruptura de músculo esquelético - hérnia de disco e lesões lombar e cerebral. O policial relata que as lesões causaram degeneração na vista e que tem dificuldade de locomoção.
Por meio de nota, a PMDF diz que instaurou inquérito policial militar para apurar o caso e que estão à disposição para esclarecimentos. Confira a íntegra abaixo:
Durante as atividades do curso de patrulhamento tático móvel, no dia 22 de abril, um aluno solicitou desligamento após passar pela elata inicial do curso e exercícios físicos previstos. Apesar de sair do Batalhão alegando que estava bem, o referido aluno procurou atendimento hospitalar apresentando quadro compatível com rabdomiólise e alegando ter sido agredido. Nesse sentido, a Corregedoria da PMDF já instaurou inquérito policial militar para apurar o caso e que já está sendo acompanhado pelo Ministério Público. O coordenador do curso solicitou o seu desligamento voluntário para que as apurações transcorram da forma mais transparente possível. Continuamos à disposição para esclarecimentos posteriores.