Brasília 'Múcio devia escolher melhor os amigos', diz Boulos ao criticar ministro da Defesa

'Múcio devia escolher melhor os amigos', diz Boulos ao criticar ministro da Defesa

Deputado federal eleito disse que não é normal o ministro 'ter amigos em acampamentos golpistas'

  • Brasília | Do R7, em Brasília

O deputado federal eleito Guilherme Boulos (Psol-SP)

O deputado federal eleito Guilherme Boulos (Psol-SP)

Yuri Murakami/Thenews2/Estadão Conteúdo – 19.09.2022

O deputado federal eleito Guilherme Boulos (Psol-SP) criticou as declarações do ministro da Defesa, José Múcio, sobre os manifestantes acampados em frente ao Quartel General do Exército em Brasília, após o resultado das eleições. Na ocasião, o chefe da Defesa disse que o protesto era "democrático" e que se esvaziariam naturalmente. Na época, a declaração causou incômodo entre aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Se José Múcio diz que tem amigo em acampamento golpista, isso não é normal. Aqueles acampamentos eram qualquer coisa menos democráticos, porque defendiam golpe de Estado", disse o líder dos sem-teto em entrevista a um jornal publicada nesta sexta-feira (20). Ele ainda comentou que o ministro deveria "escolher melhor seus amigos".

O deputado federal eleito ainda disse que os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) são responsáveis pelos atos de vandalismo do dia 8 de janeiro nos prédios da Praça dos Três Poderes e defendeu "punição exemplar" aos responsáveis. "Essa não é uma questão de vingança, mas de definição de linhas demarcatórias. Pacificação é uma coisa, esquecimento é outra", comentou.

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Apesar das críticas, Boulos afirmou que o principal responsável pela invasão e depredação das sedes dos Três Poderes é o Governo do Distrito Federal, com "a Polícia Militar praticamente escoltando os golpistas", disse.

Caçada aos responsáveis pelos atos do dia 8 de janeiro

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta, a primeira fase da Operação Lesa Pátria para identificar participantes, financiadores e fomentadores dos atos antidemocráticos. Oito mandados de prisão e 16 de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), estão sendo cumpridos nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.

Os alvos são investigados pela PF pelos crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.

Até a noite de quarta-feira (18), o ministro do STF Alexandre de Moraes manteve 354 vândalos presos após audiências de custódia sobre o ataque às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro. Outros 220 foram liberados para responder ao processo fora da cadeia. Moraes já analisou 574 audiências de um total de 1.459 realizadas entre 13 e 17 de janeiro.

Danos milionários

Os danos causados ao Congresso Nacional, Palácio do Planalto e STF chegam a R$ 18,5 milhões, segundo estimativas apresentadas pela Advocacia-Geral da União (AGU) em pedido para bloquear a quantia de quem financiou os atos de vandalismo. A solicitação foi feita nesta quinta-feira (19) à Justiça Federal no Distrito Federal.

Confira os prejuízos calculados:

• Palácio do Planalto: R$ 7.978.773,07
• Câmara dos Deputados: R$ 1.102.058,18
• Senado: R$ 3.500.000,00
• Supremo Tribunal Federal: R$ 5.923.000,00
- TOTAL: R$ 18.503.831,25

Alguns danos, como os causados a obras de arte e a presentes de chefes de Estado, são inestimáveis.

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