Na COP30, pesquisador brasileiro alerta: ‘Estamos em emergência climática nunca vista’
Carlos Nobre diz que meta de financiamento de US$ 1,3 trilhão é factível e que Belém precisa ser ‘a mais importante das COPs’
Brasília|Lis Cappi, do R7, enviada especial a Belém
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Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

O cientista brasileiro Carlos Nobre adverte que o mundo está em uma emergência climática nunca vista na história. “Realmente precisamos acelerar a redução das emissões”, constata.
O alerta, que tem sido repetido por ele a negociadores durante a COP30 em Belém, foi reiterado em entrevista ao R7. O recado é claro: o aumento da temperatura tem sido a causa de eventos extremos ao redor do mundo, a exemplo da seca que alcançou a Amazônia nos últimos dois anos.
“A temperatura está chegando 1,5ºC mais quente. Todos os eventos extremos bateram recordes. Ondas de calor, secas, incêndios florestais, rajadas de vento, superchuvas, inundações, alagamentos, enxurradas, deslizamentos. Tudo isso está acontecendo no mundo todo e não podemos deixar a temperatura passar”, sustenta.
Reconhecido internacionalmente, o meteorologista também frisou a necessidade de que as negociações avancem na conferência. “Tem que ser a mais importante das 30 COPs, como foi a COP de Paris. Porque nós estamos numa emergência climática nunca vista desde que a humanidade existe, há mais de 10 mil anos”, avisa.
Como uma alternativa para diminuir a incidência dos eventos extremos citados por ele, Nobre aposta nas chamadas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas).
As NDCs são metas climáticas que cada país se compromete a cumprir para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e se adaptar aos impactos das mudanças no clima. Na COP30, esses objetivos são o ponto-chave das negociações.
Carlos Nobre também ressalta a necessidade de aportes internacionais ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), lançado pelo Brasil, e destaca a importância de se alcançar a meta de financiamento da conferência, de US$ 1,3 trilhão. “Vamos torcer para que todos os países saiam nessa direção”, deseja.
O financiamento citado pelo pesquisador é um dos maiores entraves entre negociadores. No entanto, a cifra, segundo ele, poderia ser alcançada se houvesse mudança nas prioridades internacionais, como a realocação de recursos que originalmente iriam, por exemplo, para conflitos armados.
“As guerras no mundo estão consumindo US$ 2,7 trilhões, que vêm principalmente dos países ricos que financiam os países nas guerras. Então nós temos que acabar com as guerras no mundo. Elas estão matando centenas de milhares de pessoas. É essencial acabar com elas e aí, para os países todos, principalmente os ricos, seria facílimo conseguir US$ 1 trilhão. É totalmente factível”, acredita
A avaliação foi reforçada em carta distribuída a negociadores e autoridades durante reunião com ministros, na última segunda. O texto é um chamado para que o mundo reduza a emissão de gases.
“Para zerar rapidamente as emissões dos gases, grandes projetos de restauração florestal. Nós podemos restaurar 1 milhão de quilômetros quadrados em todos os nossos biomas: Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa. O Brasil pode ter as emissões livres em 2040“, projeta.
O que é o TFFF?
Lançado pela governo brasileiro em 6 de novembro, na COP30, o TFFF é um modelo de financiamento que une investimento público e privado e prevê que os recursos sejam repassados a países com florestas tropicais que atuem pela preservação delas.
No dia do lançamento, o valor investido superou os US$ 5,5 bilhões - mais da metade dos recursos previstos para a iniciativa em seu primeiro ano. Até agora, Brasil, França, Noruega e Indonésia aplicaram recursos no TFFF.
Além disso, 53 países e a União Europeia assinaram a declaração de lançamento, sinalizando que participarão da ação.
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