‘Não podemos nos deter diante de qualquer ameaça, interna ou externa’, diz Haddad
Ministro da Fazenda não citou Trump; governo tenta negociação, mas taxa anunciada pelos EUA passa a valer na próxima sexta
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
RESUMO DA NOTÍCIA
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta segunda-feira (28) que o Brasil não pode ceder frente a ações de ameaça ao crescimento do país, tanto internas quanto externas.
Embora não tenha citado nominalmente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a fala faz referência à taxa anunciada pelo republicano no início do mês.
Na próxima sexta (1º), segundo o norte-americano, todos os produtos brasileiros comprados pelos EUA serão tarifados em 50% (leia mais abaixo).
“Não podemos nos deter diante de qualquer tipo de ameaça, interna ou externa. Temos que trabalhar juntos e construir juntos as saídas para o Brasil continuar crescendo”, destacou Haddad, durante sanção da lei que cria o programa Acredita Exportação, no Palácio do Planalto.
Após o anúncio de Trump, em 9 de julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou a criação de um comitê interministerial para discutir a tarifa.
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O grupo de trabalho é chefiado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Desde a criação, o comitê tem discutido com os empresários e os setores mais afetados pela decisão de Trump.
Antecipação de medidas
No evento desta segunda, Haddad também declarou que o governo federal estuda antecipar alguns efeitos da reforma tributária, que passa a valer em 2027, com pleno funcionamento a partir de 2033.
“Junto com essa medida que o presidente sanciona hoje, há outras que estão no nosso pipeline (espécie de panejamento em etapas), de antecipação da reforma tributária para outros setores da economia, para que possamos colher os frutos dessa grande reforma”, acrescentou o ministro.
Lula pede compreensão
Mais cedo nesta segunda, Lula apelou para que Trump deixe as divergências de lado e reflita sobre a importância do Brasil no comércio com os EUA.
O petista aproveitou para voltar a criticar o ex-presidente Jair Bolsonaro e o filho Eduardo Bolsonaro, deputado federal que está nos Estados Unidos.
“Eu espero que o presidente dos Estados Unidos reflita a importância do Brasil e faça aquilo que no mundo civilizado a gente faz. Tem divergência? Tem. Então senta em uma mesa, coloca as divergências de lado e tenta resolver. E não de forma abrupta tomar a decisão que vai taxar o Brasil em 50%. Isso é o que o filho do coisa [Eduardo Bolsonaro] e o coisa [Jair Bolsonaro] estão pedindo para fazer”, disse, em agenda no Rio de Janeiro.
Diálogos ‘em reserva’
Também nesta segunda, Alckmin voltou a afirmar que o Brasil usa, além dos meios oficiais, canais “reservados” para dialogar com os Estados Unidos.
Alckmin afirmou a jornalistas que um plano de contingência, “bastante completo e bem feito”, está em elaboração, em resposta à medida de Trump.
“Mas todo empenho agora nesta semana é buscar resolver o problema. Estamos permanentemente no diálogo, estamos dialogando neste momento, pelos canais institucionais e em reserva”, destacou.
Segundo o vice-presidente, não há previsão, por enquanto, de conversas diretas com o líder norte-americano.
“Não conversei com o presidente Lula sobre isso [eventual diálogo direto com Trump], mas o presidente Lula é um homem do diálogo. Sempre defendeu o diálogo, que é o que fazemos permanentemente”, acrescentou Alckmin.
China sai em defesa do Brasil
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, declarou, também nesta segunda, que o gigante asiático está disposto a cooperar com o Brasil e outros países em defesa de um comércio justo multilateral, em meio às tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos.
“A China está pronta para trabalhar com o Brasil, outros países da América Latina e do Caribe e os países do Brics para, em conjunto, defender o sistema multilateral de comércio centrado na OMC [Organização Mundial do Comércio] e a equidade e justiça internacionais”, disse, em coletiva de imprensa.
Além disso, Jiakun reafirmou que as guerras tarifárias “não têm vencedores”.
“A China já deixou clara sua posição sobre os aumentos de tarifas dos EUA sobre o Brasil. Permitam-me enfatizar que as guerras tarifárias não têm vencedores e que práticas unilaterais não atendem aos interesses de ninguém”, ressaltou.
Relembre
Em 9 de julho, Donald Trump anunciou que vai cobrar 50% de todos os itens do Brasil comprados pelos EUA a partir de 1º de agosto.
Segundo o republicano, a medida é uma resposta direta a supostos ataques do Brasil à liberdade de expressão de empresas norte-americanas e à forma como o país tem tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Além de inelegível até 2030, o ex-presidente é réu no STF (Supremo Tribunal Federal) por tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.
Para o líder norte-americano, o julgamento e as investigações que envolvem o ex-presidente brasileiro configurariam uma “caça às bruxas” que deveria “terminar imediatamente”.
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