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'O Pequeno Príncipe de Maquiavel': advogado que confundiu livros vira meme na internet

Defensor de condenado pelo 8 de Janeiro confundiu O Príncipe, de Maquiavel, com O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry

Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

Advogado foi corrigido por Alexandre de Moraes
Advogado foi corrigido por Alexandre de Moraes

O advogado Hery Kattwinkel, defensor do condenado pelo 8 de Janeiro Thiago Mathar, vem ganhando destaque na internet desde esta quinta-feira (14). Na tribuna do Supremo Tribunal Federal (STF), ele confundiu a obra O Príncipe, do italiano Nicolau Maquiavel, com o livro infantojuvenil O Pequeno Príncipe, do francês Antoine de Saint-Exupéry. Nas redes sociais, passaram a circular diversos memes sobre a gafe.

"Esse julgamento está sendo jurídico ou político — a fim de incriminar mais alguém? A fim de um objetivo ao qual não conseguimos entender? Porque parece que estão sendo usados, como diz O Pequeno Príncipe: 'Os fins justificam os meios', e podemos passar por cima de todos. Maquiavel: 'Os fins justificam os meios'", disse.

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A frase "os fins justificam os meios", no entanto, não é sequer de autoria de Maquiavel. A sentença é erroneamente associada ao filósofo. Alexandre de Moraes, relator do processo, criticou o advogado pela confusão.

"Só é mais triste porque [o advogado] ainda confundiu O Príncipe, de Maquiavel, com O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. São obras que não têm absolutamente nada a ver. Mas, obviamente, quem não leu nem uma nem outra vai ao Google e, às vezes, dá algum problema. É o problema do mundo das redes sociais", disse o ministro.


Na sessão, Kattwinkel ainda dirigiu ofensas a Moraes e a Luís Roberto Barroso. O advogado defendeu Thiago Mathar, que recebeu pena de 14 anos de prisão por cinco crimes.

Durante a sustentação oral no STF, ele reclamou das atitudes de Moraes no julgamento do caso e afirmou que o ministro "inverte o papel de julgador" e "passa de julgador a acusador".


"É um misto de raiva com rancor, com pitadas de ódio, quando se fala dos patriotas, que são aqueles que amam seu país", declarou Kattwinkel. Além disso, o advogado usou uma informação falsa para criticar Barroso, ao dizer que "ato antidemocrático é quando um ministro da Suprema Corte fala que eleição não se ganha, eleição se toma". "Isso é preocupante. Isso nos causa medo, insegurança, calafrio", afirmou Kattwinkel.

Os ministros rebateram o advogado. Moraes afirmou que é "patético e medíocre que um advogado suba à tribuna com discurso de ódio para depois postar nas redes sociais".

"Digo com tristeza que o réu aguarda que seu advogado o venha defender tecnicamente. O advogado não analisou nada, nenhum dos crimes. Preparou um discursinho para postar em redes sociais. Isso é muito triste. Os alunos de direito que estão aqui hoje tiveram uma aula do que não pode ser feito", afirmou Moraes.

Barroso respondeu que "jamais disse que 'eleição não se ganha, eleição se toma'". "Essa é mais uma fraude que se alimenta online", comentou.

Expulso de partido

Depois do episódio, o partido Solidariedade expulsou Kattwinkel. "Decidimos expulsar do nosso quadro de filiados o advogado Hery Kattwinkel, que proferiu graves ofensas aos ministros do STF durante julgamento realizado hoje, em Brasília. O Solidariedade é um partido com inabalável compromisso com a defesa do Estado democrático de Direito e jamais admitirá que qualquer de seus filiados afaste-se desse princípio”, informou o partido em nota.

"Quem se valer de qualquer espaço para difundir discursos de ódio para angariar apoio de movimentos que visam minar ou derrubar as instituições democráticas brasileiras, definitivamente, não encontrará espaço no Solidariedade", completa o texto.

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