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Partido expulsa advogado que trocou 'O Príncipe' por 'O Pequeno Príncipe' em julgamento do 8/1

Hery Kattwinkel era filiado ao Solidariedade; em julgamento, advogado também confundiu obras literárias

Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília

Advogado foi expulso do Solidariedade
Advogado foi expulso do Solidariedade

O partido Solidariedade decidiu expulsar do quadro de filiados o advogado Hery Kattwinkel devido ao comportamento dele no julgamento do Supremo Tribunal Federal sobre os atos do 8 de Janeiro. Durante a sessão desta quinta-feira (14), o advogado dirigiu ofensas aos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso e ainda fez uma confusão entre as obras literárias O Príncipe, de Nicolau Maquiavel, e O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry.

“Decidimos expulsar do nosso quadro de filiados o advogado Hery Kattwinkel, que proferiu graves ofensas aos ministros do STF durante julgamento realizado hoje, em Brasília. O Solidariedade é um partido com inabalável compromisso com a defesa do Estado democrático de Direito e jamais admitirá que qualquer de seus filiados afaste-se desse princípio”, informou o Solidariedade em nota oficial.

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“Quem se valer de qualquer espaço para difundir discursos de ódio para angariar apoio de movimentos que visam minar ou derrubar as instituições democráticas brasileiras, definitivamente, não encontrará espaço no Solidariedade”, acrescentou o partido.

Kattwinkel defendeu Thiago Mathar, que recebeu pena de 14 anos de prisão e indenização de R$ 30 milhões, a ser paga em conjunto com os demais condenados. Durante a sustentação oral na sessão, o advogado reclamou das atitudes de Moraes no julgamento do caso, afirmando que o ministro “inverte o papel de julgador” e “passa de julgador a acusador”.


“É um misto de raiva com rancor, com pitadas de ódio, quando se fala dos patriotas, que são aqueles que amam seu país”, declarou Kattwinkel. Além disso, o advogado usou uma informação falsa para criticar Barroso, dizendo que “ato antidemocrático é quando um ministro da Suprema Corte fala que eleição não se ganha, eleição se toma”. “Isso é preocupante. Isso nos causa medo, insegurança, calafrio”, afirmou Kattwinkel.

Os ministros repreenderam o advogado. Moraes afirmou que é “patético e medíocre que um advogado suba à tribuna com discurso de ódio para depois postar nas redes sociais”.


“Digo com tristeza que o réu aguarda que seu advogado o venha defender tecnicamente. O advogado não analisou nada, nenhum dos crimes. Preparou um discursinho para postar em redes sociais. Isso é muito triste. Os alunos de direito que estão aqui hoje tiveram uma aula do que não pode ser feito”, afirmou Moraes.

Barroso respondeu que “jamais disse que eleição não se ganha, eleição se toma”. “Essa é mais uma fraude que se alimenta online”, comentou.

Obras literárias

Em outro trecho da sustentação oral, Kattwinkel cometeu um erro ao confundir os livros O Príncipe e O Pequeno Príncipe. “Esse julgamento está sendo jurídico ou político, a fim de incriminar mais alguém? A fim de um objetivo o qual não conseguimos entender? Porque parece que estão sendo usados, como diz O Pequeno Príncipe: ‘os fins justificam os meios’, e podemos passar por cima de todos. Maquiavel: ‘os fins justificam os meios’.”

A frase “os fins justificam os meios”, no entanto, não é de autoria de Maquiavel e é erroneamente associada ao filósofo. Moraes, de todo modo, repreendeu o advogado por ter misturado as duas obras literárias.

“Só é mais triste porque [o advogado] ainda confundiu O Príncipe, de Maquiavel, com O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. São obras que não têm absolutamente nada a ver. Mas, obviamente, quem não leu nem uma nem outra vai ao Google e, às vezes, dá algum problema. É o problema do mundo das redes sociais.”

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