PF diz não haver registro de que Bolsonaro apresentou cartão de vacina para entrar nos EUA
Em abril, a PGR (Procuradoria-Geral da República) defendeu que a Polícia Federal realizasse mais investigações sobre o caso
A Polícia Federal disse ao STF (Supremo Tribunal Federal) que autoridades dos Estados Unidos não encontraram informações de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados dele apresentaram comprovantes de vacinação contra a Covid-19 para ingressar em território norte-americano. As informações da corporação fazem parte da investigação sobre a inserção de dados falsos de vacinação contra a doença em sistemas do Ministério da Saúde. Em março deste ano, Bolsonaro foi indiciado pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público.
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Segundo a PF, a corporação encaminhou um pedido de cooperação jurídica internacional em matéria penal à Autoridade Central dos Estados Unidos solicitando informações sobre a legalidade ou ilegalidade do ingresso nos EUA das pessoas investigadas nos autos do procedimento. A Polícia Federal quis informações sobre o suposto uso de certificados de vacinação contra a Covid-19 na entrada, permanência e saída do país, nos anos de 2021, 2022 e 2023.
“Importante ressaltar que o Departamento de Justiça americano – DOJ relatou que o U.S. Customs and Border Protection (CBP) não possui registros se os investigados supramencionados apresentaram comprovantes de vacinação contra a COVID-19. Da mesma forma, os registros de controle de entrada e saída do território americano não trazem as informações se os investigados alegaram que foram vacinados ou que estavam isentos de apresentarem requisitos de vacinação”, disse a PF.
Em abril, a PGR (Procuradoria-Geral da República) defendeu que a Polícia Federal realizasse mais investigações após analisar o relatório que indiciou o ex-presidente pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público no caso que apura a falsificação de certificados de vacinas da Covid-19.
Relembre
A apuração revela que o objetivo do grupo seria “manter coeso o elemento identitário em relação a sua pauta ideológica — no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19″. As ações ocorrem dentro do inquérito policial que apura a atuação do que se convencionou chamar “milícias digitais”, em tramitação no Supremo Tribunal Federal.
Segundo a PF, Bolsonaro cometeu o crime de inserção de dados falsos em sistema de informações em 21 de dezembro de 2022 ao incluir o registro de vacinação contra a Covid-19 dele e da filha no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde.
A investigação da Polícia Federal constatou que o ex-presidente “agiu com consciência e vontade” ao exigir que o documento dele fosse fraudado para que constasse o registro de vacinação contra a Covid-19. O ex-presidente negou à PF que tenha feito a solicitação.
Delação de Cid
Entre os indícios contra Bolsonaro, estão os depoimentos da colaboração premiada do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens dele. Neles, Cid diz que o ex-presidente ordenou que ele fraudasse os registros de vacinação contra a Covid-19 dele e da filha.
Segundo a corporação, quando Bolsonaro tomou conhecimento de que o ajudante possuía cartões adulterados de vacinação contra a Covid-19 no nome de familiares, ordenou ao militar que fizesse as inserções para obtenção dos cartões falsos.
No depoimento, Cid afirmou que “o presidente, após saber que o colaborador [Cid] possuía os cartões de vacina para si e sua família, solicitou que o colaborador fizesse para ele também” e “que o ex-presidente deu a ordem para fazer os cartões dele e da sua filha, Laura Bolsonaro”. À PF, Cid disse que entregou os documentos falsificados nas mãos de Bolsonaro.
Bolsonaro negou que tenha solicitado a Cid que emitisse um certificado com dados falsos de vacinação contra a Covid-19 em nome dele. Veja aqui os prints de algumas das conversas que Cid teria feito para viabilizar o crime.
O ex-presidente disse que não fez os pedidos, pois, como jamais tomou vacina contra a doença, não haveria motivo para a elaboração do certificado. Bolsonaro viajou aos Estados Unidos em dezembro de 2022, mesmo mês em que a fraude nos dados foi executada.