PF remaneja delegada responsável por extradição de Allan dos Santos
Delegada da Interpol, Dominique de Castro divulgou carta de ‘incredulidade’ na 'expulsão' mesmo batendo recordes
Brasília|Alan Rios, do R7, em Brasília e Elijonas Maia, da Record TV
A delegada da Organização Internacional de Polícia Criminal responsável pela extradição de Allan dos Santos foi remanejada da Interpol nesta quarta-feira (1º). Dominique de Castro Oliveira realizou o pedido de difusão vermelha — prisão de quem está em país estrangeiro e é alvo de mandado por autoridade brasileira — do ativista conservador e acabou saindo do quadro que ocupava, o que chamou de "expulsão". No entanto, segundo a Polícia Federal, o remanejamento não tem relação com o caso.
Em carta, Dominique informa que foi convocada para a Superintendência Regional do Departamento de Polícia Federal no Distrito Federal. "Supostamente, eu fiz algum comentário que contrariou [a corporação]. Qual foi, quando, para quem, em que contexto e ambiente, não sei.”
Dono do canal Terça Livre, Allan dos Santos teve prisão preventiva, extradição, bloqueio de contas bancárias e de contas em redes sociais decretados pelo STF (Supremo Tribunal Federal). O decreto de prisão foi assinado pelo ministro Alexandre de Moraes, a pedido da Polícia Federal, em investigação sobre supostos ataques promovidos por Allan dos Santos contra o Supremo.
Segundo a delegada da PF, a própria chefia que comunicou a ela sua saída informou que não sabia o motivo, estava apenas cumprindo uma ordem. “Naturalmente, o sentimento que me invade neste momento não é o melhor. Além da incredulidade, há a forte sensação de revolta e de estar sendo injustiçada.”
Dominique relata uma história de mais de 18 anos na Polícia Federal, com quase um ano e meio na Interpol. “Fui a delegada que mais produziu, sendo que, em alguns meses, produzi mais que todos os demais delegados juntos. No recorde de prisões de foragidos internacionais que batemos neste ano, nove de cada dez representações foram elaboradas por mim”, exemplificou.
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Em nota, a PF afirmou que ela "não ocupava função de confiança na Interpol" e sofreu um "simples remanejamento" no intuito de recompor "o carente quadro de delegados da Superintendência da PF do Distrito Federal". O texto da nota diz ainda que "a decisão não tem nenhuma relação com o processo de Allan dos Santos, uma vez que cabe à Interpol Brasil o cumprimento da ordem judicial de encaminhamento para o Escritório Central em Lyon [França], solicitando a inclusão na difusão vermelha, o que foi cumprido pelo delegado Rodrigo Carnevale, chefe da Interpol Brasil".
Allan dos Santos segue com mandado de prisão em aberto, com status de foragido. Na última semana, ele voltou a atacar o STF e o ministro Alexandre de Moraes, em uma entrevista. O blogueiro chamou o magistrado de “psicopata” e “tirano”.