PGR diz que oficiais da Polícia Militar do DF trataram informações sobre o 8/1 com 'deboche e risos'
Segundo a denúncia, os alvos da operação desta sexta-feira (18) receberam mensagens de infiltrados nos acampamentos
Brasília|Rafaela Soares, do R7, em Brasília
A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que os oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) trataram as informações sobre a dimensão dos atos extremistas de 8 de janeiro com "deboche e risos". Segundo o órgão, a cúpula da corporação estava em diversos grupos de mensagens e recebia informações de infiltrados nos acampamentos montados em frente ao quartel-general do Exército e da inteligência da PMDF.
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Em uma das mensagens, um dos informantes diz que os extremistas estavam "preparados para a guerra mesmo" e que não iriam "ceder de forma alguma". "As coisas tá [sic] mais séria do que muitos brasileiros estão imaginando."
A informação foi repassada para dois alvos da operação: o coronel Marcelo Casimiro e o coronel Klepter Rosa, atual comandante-geral da PMDF. Ao receber a mensagem, Casimiro responde: "Vai dar certo".
O relatório conclui que os órgãos de inteligência da PMDF emitiram "dezenas de alertas que chegaram ao conhecimento de todos os oficiais de alta patente denunciados".
Nesses termos%2C não houve 'apagão de inteligência'. Os denunciados receberam abundantes informações em diversos grupos de comunicação%2C inclusive com agentes infiltrados nos acampamentos%2C para monitorar a proporção dos atos e a organização dos seus integrantes.
Os grupos
A PGR também verificou que o integrantes da cúpula trocavam informações em grupos de mensagens. Segundo a denúncia, a partir do dia 7 de janeiro, informações sobre o fluxo de ônibus e pessoas em Brasília eram "monitoradas de forma constante, com sucessivos informes e alertas no grupo 'ÁGUIA 1º CPR'".
Outro grupo era o chamado "ADI/DOP", formado por policiais militares que se dedicam à produção de informações de inteligência e pelas autoridades máximas do Departamento de Operações: os coronéis Jorge Naime e Paulo José Ferreira, alvos da PF.
Na manhã do dia 7 de janeiro, o capitão da PMDF Wesley Eufrásio enviou ao grupo informações que confirmavam que agentes de inteligência estavam infiltrados nos acampamentos e ressaltou "riscos de invasão aos prédios públicos e de atentados por 'lobos solitários'".
Grupos mais radicais e exaltados mencionam saber dos Anexos das Casas do Congresso e acham que uma tentativa de invasão seria mais fácil por eles.
Além disso, Fábio Augusto Vieira, Klepter Rosa, Jorge Naime, Paulo José Ferreira e Marcelo Casimiro ainda faziam parte de outro grupo, chamado Prioridade 1. Ali, o evento de 8 de janeiro era identificado como "Tomada pelo Povo".
Nota-se que a inteligência da PMDF%2FDOP já tratava o ato como 'Tomada pelo Povo'%2C a demonstrar que a Polícia Militar já reconhecia as intenções explícitas do evento.
A operação
A Polícia Federal realiza na manhã desta sexta-feira (18) uma operação contra integrantes da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal por suspeita de omissão nos atos extremistas de 8 de janeiro. Cinco oficiais da alta cúpula da PMDF foram presos. Outros dois alvos já estavam detidos. Foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão. A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Saiba quem são os integrantes da cúpula da PMDF presos pela PF por suposta omissão no 8 de Janeiro
Coronel Klepter Rosa Gonçalves — comandante-geral da PMDF
Nomeado para o comando da corporação em fevereiro deste ano, Gonçalves já estava à frente do cargo de forma interina por decisão do ex-interventor federal na segurança pública do DF Ricardo Cappelli. Graduou-se no curso de formação de oficiais pela Academia de Polícia Militar de Brasília em 1995. É bacharel em direito pela Universidade Cruzeiro do Sul e especialista em gestão de segurança pública.
Coronel Fábio Augusto Vieira — ex-comandante-geral da PMDF
O ex-comandante-geral da PM foi afastado do cargo após os atos de vandalismo que resultaram na depredação do Palácio do Planalto e dos prédios do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, em 8 de janeiro. Fábio Augusto Vieira foi preso no início do ano após uma determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes, mas foi solto em 3 de fevereiro (leia mais aqui).