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R7 Brasília

Polícia do DF e Interpol prendem, em Portugal, golpistas que fraudavam investimentos

Ao menos 945 pessoas teriam caído no golpe de falsas aplicações na Bolsa de Valores; agentes cumpriram seis mandados de prisão

Brasília|Carlos Eduardo Bafutto, do R7, em Brasília

Viatura da Polícia Civil do Distrito Federal
Viatura da Polícia Civil do Distrito Federal

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) cumpre nesta terça-feira (7), em parceria com a Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal), seis mandados de prisão preventiva em Lisboa, Portugal, contra uma suposta organização criminosa que aplicava golpes no Brasil por meio de transações com criptomoedas. Além dos mandados, a polícia ordenou o bloqueio de contas bancárias dos integrantes da organização, sequestro de criptoativos e derrubada de websites.

De acordo com a PCDF, a 9ª DP (Lago Norte) colheu provas da atuação, há pelo menos quatro anos, dos passos da organização criminosa sediada em Portugal.

Segundo a polícia, os crimes eram realizados no país europeu e visavam vítimas brasileiras para dificultar a investigação pelas autoridades do Brasil. Um indivíduo de nacionalidade tcheca residente em Lisboa montou um escritório de fachada registrado como uma agência de publicidade, cuja verdadeira finalidade era a venda de falsos investimentos na Bolsa de Valores por meio de empresas fantasmas de corretagem.

Como os golpes eram aplicados

A falsa agência teria até quatro call centers que empregavam centenas de brasileiros, em sua maioria imigrantes ilegais em Portugal. Eles seriam responsáveis por oferecer opções de falsos investimentos. Para enganar as vítimas, os suspeitos usavam aplicativos que mascaravam os números internacionais e simulavam uma ligação com DDD 61, para aumentar as chances de terem as ligações atendidas. Uma vez em contato com as vítimas, eles as convenciam a fazer investimentos que, na verdade, eram falsos.


Os suspeitos teriam criado sites de empresas fictícias na internet, onde as vítimas se cadastravam, além de um aplicativo para realizar as aplicações em falsos investimentos. Elas pensavam que estavam aplicando em ações e acabavam perdendo todo o dinheiro supostamente investido.

Os supostos "investimentos" nunca chegavam ao mercado de valores. Todo o dinheiro depositado nas contas das falsas empresas seria desviado para as contas dos suspeitos. A Polícia Civil do DF afirma que as vítimas pensavam que tinham perdido tudo na Bolsa de Valores sem saber que, na verdade, era golpe.


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De acordo com a PCDF, ao perder o dinheiro, as vítimas eram incentivadas a fazer novos investimentos para tentar reaver o valor dos prejuízos, até perderem todas as suas economias. Os suspeitos, então, cortavam os contatos telefônicos com as vítimas.

A investigação mapeou, pelo menos 945 pessoas que caíram no golpe, mas o número pode ser bem maior. "Foram encontradas vítimas que chegaram a perder R$ 1,5 milhão," diz a corporação. 


O 'Lobo de Wall Street'

De acordo com a investigação, a figura de Jordan Belfort, do filme 'O Lobo de Wall Street', era venerada na falsa agência de investimentos. A PCDF relata que, "nos grupos de WhatsApp da empresa, os gerentes incentivavam os vendedores a ver o filme e eram sistematicamente induzidos ao mesmo comportamento".

O lema na empresa seria: “pensem em vocês e em suas famílias, esqueçam as vítimas”. Além disso, segundo a PCDF, havia festas da empresa com premiações aos melhores “vendedores” e "grande ostentação de riqueza".

Bloqueio de bens e indiciamento

A PCDF afirma que todas as contas bancárias dos envolvidos em território nacional, bem como em "exchanges" internacionais de criptomoedas (plataformas digitais onde é possível comprar, vender, trocar e guardar criptomoedas) foram congeladas. Os suspeitos foram indiciados em crimes como fraude eletrônica, organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. As penas por esses crimes podem somar mais de 50 anos.

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