Polícia Federal e MPRJ prendem homem que descartou carro usado no homicídio de Marielle Franco
Homem foi denunciado pelo Ministério Público em 2023 e preso em casa, em Duque de Caxias, no início da noite desta quarta-feira
Brasília|Natália Martins, da RECORD
A Polícia Federal e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro prenderam nesta quarta-feira (28) o dono do ferro-velho que recebeu, fez o desmanche e descartou o carro usado nos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, em 2018.
O suspeito foi denunciado pelo Ministério Público em agosto de 2023 e preso em casa, em Duque de Caxias (RJ). A denúncia apontou que o suspeito impediu e embaraçou as investigações do caso.
O preso foi conduzido à Superintendência Regional da PF, na Praça Mauá, para as formalidades decorrentes da prisão judicial e será encaminhado ao sistema prisional, onde permanecerá à disposição da Justiça.
Na noite de 14 de março de 2018, a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco foi assassinada no centro da cidade junto com o motorista Anderson Gomes. carro em que Marielle estava — e que era conduzido por Anderson — foi alvejado por 13 tiros. Os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são acusados de matar a vereadora. Os motivos e os mandantes do crime permanecem desconhecidos.
Ronnie Lessa é apontado como o autor dos disparos que provocaram as mortes. O ex-policial teria afirmado que o crime foi encomendado pelo Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio, Domingos Brazão. Há a suposição de que seria uma vingança contra o ex-deputado estadual Marcelo Freixo e a ex-assessora dele Marielle Franco.
Segundo os investigadores, os envolvidos travavam disputas na área política desde 2008, quando Freixo presidiu a CPI das milícias na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Na ocasião, o político citou Brazão, então deputado estadual, como um dos envolvidos com grupos paramilitares.
Em 2015, o apontado como mandante foi nomeado Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio. Com a oposição de Freixo, Brazão foi preso e afastado do cargo por suspeita de corrupção, mas foi reconduzido em 2021.
Em um indicativo de que o desfecho do crime estava próximo, a Polícia Federal já havia divulgado que as investigações seriam concluídas até o fim de março. O caso foi parar no Superior Tribunal de Justiça porque a Corte é a responsável por julgar governadores, desembargadores e integrantes dos Tribunais de Contas dos Estados.
Em nota, a defesa de Domingos Brazão afirmou que jamais teve envolvimento com os suspeitos ou relação com o crime. Por mensagem, o advogado de Ronnie Lessa negou ter conhecimento da delação feita pelo ex-PM e disse que vai deixar a defesa caso o acordo se confirme. A Polícia Federal ainda não confirmou a delação.