Postagem de Janones sobre suposta renúncia de Múcio cria novo mal-estar no governo
Episódio é o mais recente capítulo das divergências públicas entre os auxiliares mais próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Brasília|Do R7, em Brasília
Um novo mal-estar no primeiro escalão do governo veio a público depois que o deputado federal André Janones (Avante-MG) postou nas redes sociais, na noite da última terça-feira (10), a informação de que o ministro da Defesa, José Múcio, entregaria uma carta de demissão "em poucas horas". A pressão para que Múcio deixe o cargo por não ter condenado publicamente os acampamentos em frente a quartéis do Exército, organizados por extremistas insatisfeitos com o resultado das eleições, é o mais novo capítulo das divergências entre os apoiadores próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Janones concorreu à Presidência, mas deixou a candidatura para apoiar o petista na corrida presidencial. Influente nas redes sociais, em que tem mais de 2 milhões de seguidores, ele acabou tendo papel decisivo na estratégia digital da campanha petista. Múcio, por sua vez, é um antigo aliado de Lula: foi ministro de Relações Institucionais, de 2007 a 2009, e acabou indicado ao Tribunal de Contas da União (TCU) pelo então presidente, em 2009.
Logo depois de Janones ter feito a postagem, Múcio divulgou uma nota em que negou a renúncia. “É completamente falsa a informação que circula nas redes sociais”, declarou a assessoria do ministro da Defesa ao ser procurada pelo R7. A reportagem tentou falar com Janones, mas não conseguiu contato com o deputado para que ele comentasse a informação da suposta demissão do ministro. O espaço continua aberto para manifestações.
Durante a campanha, Janones foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a apagar de suas redes sociais informações consideradas falsas. Janones chegou a dizer que deveria usar fake news como estratégia para se contrapor a táticas que ele atribuía a grupos de direita.
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Mais atritos
Esse não é o primeiro mal-estar do novo governo desde que o presidente Lula assumiu, em 1º de janeiro. Na terça-feira, o terceiro mandato do petista completou dez dias e coleciona uma série de atritos entre assessores próximos, como nomeação de ministros questionada até entre os apoiadores do petista, quedas de braço entre as áreas política e econômica e crise na área de Segurança depois dos atos de vandalismo registrados em Brasília no último domingo (8).
Depois da depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília, Lula criou atrito com a cúpula do Governo do Distrito Federal ao intervir na administração da capital. Em resposta às ações dos extremistas, o presidente nomeou um interventor federal para gerir a Segurança Pública do DF até 31 de janeiro — atestado de que, para Lula, a gestão de Ibaneis Rocha (MDB), governador da capital do país, falhou.
Na mesma noite, Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), afastou Ibaneis do comando do Governo do DF por 90 dias.