Presidente da CPI quer a inclusão do ministro da CGU no relatório
Marconny Albernaz disse que CGU participou de operação que o atingiu. Omar Aziz afirmou que Wagner do Rosário prevaricou
Brasília|Sarah Teófilo, do R7, em Brasília
O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, Omar Aziz (PSD-AM), pediu nesta quarta-feira (15/9) a inclusão do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner do Rosário, no relatório final da comissão por suposta prevaricação. O pedido ocorreu depois que o empresário Marconny Nunes Ribeiro Albernaz de Faria, apontado pelos senadores como lobista da empresa Precisa Medicamentos, disse que a CGU participou ao lado da Polícia Federal de uma operação no Pará que teve ele como alvo, no ano passado.
"Inclusive, na busca e apreensão, eles estiveram na minha casa", disse Albernaz. "Então, o Wagner Rosário é um prevaricador. Tem que vir mesmo aqui, porque como é que ele sabia que o Roberto Dias estava operando dentro do ministério e não tomou providência? O senhor Wagner Rosário tem que explicar não são as operações que ele fez, não, é a omissão dele em relação ao governo federal. Tem que vir, mas não tem que vir aqui pra jogar pra torcida, não. Ele vai jogar aqui no nosso campo", afirmou o presidente da CPI.
O R7 entrou em contato com a CGU, que compartilhou o posicionamento oficial de Wagner Rosário, publicado em redes sociais. "Senador Omar Aziz, calúnia é crime! A autoridade antecipar atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação, também é crime! Aguardando ansiosamente sua convocação", levantou.
Roberto Dias é ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde alvo da CPI. A referida operação que teve a participação da CGU envolve mensagens do celular de Marconny que citam Roberto Dias. "E o Wagner Rosário, que tinha acesso a essas mensagens desde 27 de outubro. É um prevaricador. Eu não sabia. Eu estou aqui e estou espantado", disse Aziz. O senador ressaltou que a CGU esteve na casa de Marconny, juntamente com policiais, "levaram farto material, mas não tomaram providência, não tomaram providência com o Roberto Dias". "O Roberto Dias continuou lá negociando vacina, pedindo propina", ressaltou.
Aziz afirmou que irá marcar a oitiva de Wagner do Rosário, cuja convocação já foi aprovada anteriormente. Perguntado pelo relator Renan Calheiros se estava sugerindo que o ministro seja colocado no relatório, o presidente da comissão frisou: "Não, não, não estou sugerindo, não. Eu estou dizendo para o senhor que tem que estar". Calheiros pontuou: "Essa omissão é imperdoável".
Roberto Dias é investigado pela comissão. Ele passou a ser alvo depois que o cabo da Polícia Militar de Minas Gerais (PM-MG) Luiz Paulo Dominghetti denunciou que ao tentar vender 400 milhões de doses de vacina contra covid-19 para Dias, recebeu um pedido de propina de US$ 1 por dose de imunizante. Dominghetti é identificado como vendedor autônomo de vacina da empresa americana Davati Medical Supply. Já foi apontado que as vacinas que ele tentava comercializar não existiam.