Presidente da Petrobras diz que deve mudar diretores da empresa até a próxima semana
Magda Chambriard não quis adiantar nomes nem a quantidade de executivos que devem deixar a Petrobras
Economia|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, declarou nesta quarta-feira (12) que deve fazer mudanças nas diretorias da estatal entre o fim desta semana e o início da próxima. Magda, que assumiu a presidência da empresa em 24 de maio, não quis adiantar nomes nem a quantidade de executivos que devem deixar a Petrobras. A presidente declarou, ainda, que as alterações não são em função de “mérito ou demérito de ninguém”, mas devido a “ajustes de perfil”.
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“Eu acho que a gente tem aqui uma questão que é, inclusive, de respeito aos profissionais da empresa. Tenho visto uma série de especulação e afirmações infundadas, que atrapalham o desenvolvimento da empresa. A gente lida com pessoas, que merecem todo nosso respeito e consideração. Ficar sabendo de uma possível demissão ou contratação pela imprensa, sem ter sido comunicado, acho muito desumano”, afirmou a jornalistas em um fórum de investidores no Rio de Janeiro (RJ).
A gestão dos nomes da diretoria foi facultada a Magda Chambriard pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas pessoas próximas afirmam que ela terá de submeter as mudanças também aos ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil).
Além de Magda, a diretoria executiva da Petrobras é composta por oito diretores. Embora não tenha cravado quem vai permanecer na empresa, a expectativa é que o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade, Mauricio Tolmasquim, permaneça no cargo. Ele é ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética e foi coordenador do grupo de trabalho de Minas e Energia na transição de governo, no fim de 2022.
Outra previsão é que o diretor de Engenharia, Inovação e Tecnologia, Carlos Travassos, deixe o posto. Além de ser alvo de queixas relacionadas à lentidão no andamento de projetos, obras e pouca atenção ao conteúdo local nos empreendimentos, o executivo enfrenta fortes resistências dentro do PT.
Exploração de petróleo
Magda também afirmou nesta quarta (12) que pretende “convencer” o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) a autorizar a exploração de petróleo na margem equatorial brasileira, que se estende do litoral do Rio Grande do Norte ao Amapá. A ação é alvo de embates entre o Ministério de Minas e Energia, a Petrobras e o Ibama, que chegou a negar, em maio do ano passado, pedido da Petrobras para atividade de perfuração marítima.
“Ainda não [houve avanço nas conversas com o Ibama], mas mantemos nossa posição. A margem equatorial, assim como outras novas fronteiras exploratórias, são essenciais para a reposição de reservas do país”, declarou, ao defender que a ação é necessária para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.
Questionada a respeito de eventual derrubada da decisão do Ibama pelo conselho da Petrobras, Magda afirmou que não “vai por esse caminho”. “Eu vou pela direção do convencimento e do, vamos dizer assim, esclarecimento de forma, inclusive, visual. Porque, a rigor, quando a gente licita uma área, a gente tem licença prévia com o Ibama, e essas áreas foram licenciadas. Então, eu entendo que é possível ao órgão ambiental fazer exigências para o licenciamento e dizer como pretende que seja viável, mas eu, particularmente, tenho dificuldade de entender como se nega uma licença que foi previamente concedida pelo Estado brasileiro”, criticou.
Magda declarou que pretende levar a questão ao CNPE (Conselho Nacional de Politica Energética), formado por 16 ministérios e pela Empresa de Pesquisa Energética. “Acredito que a gente já perdeu 10 anos, porque essa margem foi licitada em 2013. Reitero que todo estudo foi feito. Não é crível que três grandes petroleiras [além da Petrobras, as empresas BP e TotalEnergies] estejam desempenhando mal seu papel em termos de licenciamento. Nosso entendimento é de que o que não se resolveu em 10 anos dificilmente será resolvido tecnicamente. É uma questão que transcende a discussão técnica. Quando a gente fala de política de estado de segurança energética, transcende, e muito, uma mera questão de licença”, completou.
Lula defende exploração
No mesmo evento, também nesta quarta (12), o presidente Lula defendeu a exploração da margem equatorial, porque o governo federal não pode “jogar fora nenhuma oportunidade de fazer este país crescer”.
“É importante ter em conta que nós, na hora que começar a explorar a chamada margem equatorial, nós vamos ter um salto de qualidade extraordinário. Queremos fazer tudo legal, respeitando o meio ambiente, respeitando tudo, mas não vamos jogar fora nenhuma oportunidade de fazer esse país crescer”, afirmou Lula.
A margem equatorial do Brasil engloba as bacias hidrográficas da foz do Rio Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar. É uma região geográfica considerada de grande potencial pelo setor de óleo e gás. A Petrobras, em seu plano estratégico 2024-2028, previu investimentos de US$ 3,1 bilhões para pesquisas na localidade, com expectativa de perfurar 16 poços ao longo desses quatro anos.
Entenda
Em maio do ano passado, o Ibama negou pedido da Petrobras para atividade de perfuração marítima na Bacia da Foz do Rio Amazonas, sob a alegação de que a companhia não havia conseguido comprovar a proteção da diversidade biológica e a segurança de comunidades indígenas da região. Nessa região há a expectativa de grandes reservatórios, como os encontrados na Guiana e no Suriname.
Na época, a Petrobras solicitou a reconsideração da análise. Em agosto de 2023, a AGU (Advocacia-Geral da União) divulgou parecer técnico favorável à exploração. O documento colocou em posições opostas o Ministério de Minas e Energia, favorável à exploração, e a pasta do Meio Ambiente e Mudança do Clima, de Marina Silva. A ministra é contrária à exploração de petróleo na região.
No final de setembro de 2023, o Ibama concedeu licença ambiental para a Petrobras perfurar uma outra bacia, no litoral do Rio Grande do Norte e Ceará. Sobre a Bacia da Foz do Amazonas, ainda não houve resolução definitiva.
Em janeiro, a Petrobras concluiu a perfuração do poço exploratório de Pitu Oeste, na Bacia Potiguar na Margem Equatorial. Na época, a companhia comunicou à ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) que identificou presença de hidrocarboneto, mas ainda inconclusivo quanto à viabilidade econômica.