Presidente do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF é demitida
Mariela Souza estava à frente do órgão por indicação do governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), desde maio de 2022
Brasília|Luiz Calcagno, do R7, em Brasília
A presidente do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges), Mariela Souza, foi demitida do cargo nesta terça-feira (14). O médico Juracy Cavalcante Lacerda será indicado para a função. Atualmente ele chefia a Diretoria de Atenção à Saúde (Diase).
O instituto é responsável pela administração do Hospital de Base, do Hospital Regional de Santa Maria e de unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do Distrito Federal. A governadora em exercício Celina Leão (PP) vinha trabalhando em mudanças no instituto e assinou, em 25 de janeiro, um decreto para que funcionários da Secretaria de Saúde emprestados para o órgão voltassem aos postos originais.
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Mariela assumiu o Iges oficialmente em 10 de maio de 2022, mas já estava à frente do órgão desde janeiro do ano passado, depois que o então presidente do Iges, general Gislei Morais de Oliveira, pediu para sair.
À época, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), disse não ter pressa em indicar um substituto para o militar.
Casos envolvendo UPAS administradas pelo Iges
Na última sexta-feira (10), um homem com síndrome de Down morreu após ter recebido alta da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Setor O, em Ceilândia. Imagens gravadas por outros pacientes que estavam no local mostram Warlley Eduardo, de 30 anos, agonizando no chão do estabelecimento, sem receber atendimento. Segundo relatos, ele teria ficado cerca de 3 horas passando mal. Em nota, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) informou que abriu investigação interna relacionada ao atendimento do paciente.
A mãe de Warlley, Maria de Lourdes Pires, afirma que houve negligência por parte dos agentes de saúde. Segundo ela, o filho deu entrada na UPA em 9 de março, com um quadro de convulsão e febre.
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Já no dia 9 de março, a cozinheira Cidalva Prates Guedes, de 53 anos, caiu da janela, teve traumatismo craniano e foi transferida em estado grave para o Hospital de Base de Brasília, após ser medicada com um sonífero na UPA de Ceilândia. A família afirma que houve negligência e fez boletim de ocorrência na delegacia.
A filha de Cidalva, Ana Carolina Guedes Araujo, foi informada que a mãe, após apresentar quadro de agitação por 20 minutos, foi medicada com o sonífero Zolpidem, teve delírios e pulou da janela, que tem altura de cerca de dois metros.
De acordo com a outra filha da paciente, Andressa Guedes Araujo, houve demora no atendimento e o médico da UTI móvel disse "que a paciente deveria ter sido intubada imediatamente após a queda, mas não sabia explicar o por que a UPA não adotou o procedimento."
O Iges e o Núcleo de Segurança do Paciente apuram todos os fatos para que sejam adotadas as medidas necessárias que evitem situações semelhantes, segundo a nota encaminhada pelo instituto. "O Iges-DF reafirma que não houve omissão por parte da equipe da UPA."
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Operação
Em 31 de maio de 2022, o Ministério Público do Distrito Federal e a Polícia Civil deflagraram a Operação Pamona para apurar indícios de irregularidades em contratos do Iges-DF.
A suspeita é de superfaturamento em contratos de aluguel de imóveis. Procurado, o Iges-DF respondeu que a investigação não tem relação com a atual gestão do instituto. "O instituto esclarece ainda que sempre estará à disposição da Justiça e dos órgãos investigadores e fiscalizadores para colaborar com qualquer investigação", informou, acrescentando que soube da operação pela imprensa.
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