Primeira a registrar fuga no Brasil, penitenciária federal do RN é a segunda com menos presos do país
Prisão tem 68 detentos, atrás apenas do presídio federal de Brasília, que tem 46 pessoas; dois homens são procurados
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
Levantamento do R7 feito com base em dados da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais) mostra que a penitenciária federal de Mossoró (RN), de onde dois presos fugiram nessa quarta-feira (14), é a segunda unidade com menos detentos do Brasil. A prisão tem, segundo os números mais recentes, de junho de 2023, 68 pessoas, atrás apenas do presídio federal de Brasília (DF), que tem 46.
O país têm cinco presídios federais, prisões consideradas de segurança máxima — além de Mossoró e Brasília, há unidades em Catanduvas (PR), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO).
Veja a quantidade de presos
• Porto Velho: 134
• Catanduvas: 126
• Campo Grande: 115
• Mossoró: 68
• Brasília: 46
Cada unidade tem capacidade para 208 detentos, o que totaliza 1.040 vagas no sistema penitenciário federal. No entanto, apenas 551 (53%) espaços estão ocupados.
Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça fugiram do presídio federal de Mossoró entre 3h e 4h da manhã de quarta (14). A Senappen, ligada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, investiga a hipótese de uma obra na prisão de segurança máxima ter facilitado a fuga dos dois, como interlocutores informaram à reportagem.
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Segundo as fontes, havia ferramentas disponíveis nos fundos do presídio. A secretaria trabalha com a suspeita de cooptação de servidores na ação dos criminosos. Os dois detentos estavam sob regime disciplinar diferenciado (RDD), com regras mais rígidas do que as do regime fechado, como impedimento de banho de sol.
Deibson e Rogério são faccionados do Comando Vermelho do Acre e estavam presos em Mossoró desde a participação em uma rebelião no estado de origem, em julho de 2023. Esta é a primeira vez na história que uma carceragem federal registra fuga.
De acordo com fontes consultadas pela RECORD, eles não são líderes com alto poder aquisitivo e são criminosos do front, que têm, nas palavras dos interlocutores, "muita disposição" física e de estratégia. Por causa dessas características, o foco da força-tarefa é prendê-los nas primeiras 72 horas da fuga.
Os dois fugitivos foram incluídos na lista de difusão laranja da Interpol, como adiantou a RECORD. Com isso, alertas serão comunicados a todos os 196 países integrantes da instituição, com dados como fotos e biometria. Assim, as nações podem monitorar, com mais eficácia, os postos de controle migratório.
Entenda
O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou, no fim da tarde de quarta, que determinou "imediata e abrangente" revisão de equipamentos e protocolos de segurança nos cinco presídios federais do país.
Segundo a pasta, o secretário Nacional de Políticas Penais, André Garcia, foi ao município, após o episódio, acompanhado de seis servidores, para "apuração presencial dos fatos e a tomada das ações cabíveis no âmbito administrativo".
O ministério acionou a Polícia Federal, que enviou peritos à penitenciária, abriu investigação e atua na recaptura de Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça. A ação de procura aos fugitivos é integrada por mais de 100 agentes federais. As Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (Ficco) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), com monitoramento de rodoviais federais, também participam da operação.