A queda da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que ligava cidades entre o Maranhão e Tocantins, ainda impacta a vida de moradores. Além de três pessoas que seguem desaparecidas, há risco de contaminação da água do Rio Tocantins por produtos químicos que eram transportados por caminhões que caíram no rio. A operação de retirada dos produtos, contudo, será iniciada apenas em abril.Entre as cargas com risco de contaminação estão agrotóxicos e ácido sulfúrico, que podem ser tóxicos à saúde. Pouco do conteúdo do ácido chegou a ter contato com a água logo na queda da ponte, em dezembro, mas não há indicação de que a quantidade tenha afetado a qualidade da água do rio.À época, a suspeita chegou a interromper atividades de mergulho para resgate. Mas monitoramento feito pela Sala de Acompanhamento do Sistema Hídrico do Rio Tocantins aponta que não houve contaminação da água. Amostras coletadas desde então apontam que o conteúdo da água segue da mesma forma - a última coleta foi feita em 7 e 8 de janeiro, pela ANA (Agência Nacional das Águas).O risco na contaminação, no entanto, é ligado às cargas que seguem dentro do rio. A possibilidade é apontada a possíveis rompimentos da carga, seja de agrotóxicos ou do ácido sulfúrico.“Enquanto os recipientes de pesticidas estiverem submersos no rio Tocantins, ainda persiste o risco de eventual rompimento e contaminação da água, podendo as concentrações de alguns poluentes ficarem temporariamente acima dos valores máximos permissíveis”, diz trecho de nota enviada ela ANA ao R7.A agência também aponta que o risco é baixo, mas que é necessário esforço para remoção de todo o material que caiu no rio. A previsão para início das ações, no entanto, é nos meses de abril e maio, quando houver diminuição do nível da água.Segundo a ANA, a interrupção na retirada se dá pelo aumento de vazão da água que foi liberado pela usina hidrelétrica Estreito, acima do rio. “As operações de mergulho e remoção de recipientes de pesticidas tiveram de ser interrompidas e devem ser retomadas quando as vazões baixarem, o que é esperado para ocorrer entre abril e maio, pelo histórico de vazões do rio Tocantins”, diz trecho do mesmo comunicado.O Ibama reforça a projeção para abril e afirma que uma das cargas de ácido sulfúrico estava intacta até o último mergulho realizado, em 9 de janeiro.“Aparentemente estava intacto, sem sinais de vazamento. No entanto, essa informação só poderá ser confirmada quando houver possibilidade de novos mergulhos para inspeção mais detalhada. Cabe ressaltar que o monitoramento da qualidade da água realizado pela Agência Nacional das Águas (ANA) e órgãos parceiros desde o dia 24/12 não demonstrou alteração dos parâmetros avaliados em nenhum momento”, aponta o instituto. Novas análises da qualidade da água estão previstas para as próximas semanas. Em 22 de dezembro de 2024, a ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga os municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA) desabou, deixando ao menos 14 pessoas mortas. Na época, o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) informou que o desabamento foi causado pelo colapso do vão central da ponte, cuja causa ainda está sendo investigada.O departamento chegou a instaurar uma sindicância para apurar as causas e responsabilidade do desabamento. A diretoria colegiada do Dnit, responsável pelo levantamento de fatos, terá 120 dias para apresentar o relatório.No momento do colapso, ao menos oito veículos, entre eles automóveis e caminhões, despencaram no Rio Tocantins. A estrutura foi construída na década de 1960, tinha 533 metros de extensão e era uma ligação essencial entre os estados do Maranhão e Tocantins.