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Ramagem interferiu nas investigações de espionagem ilegal na Abin, diz Polícia Federal

Segundo a PF, o então diretor da Abin tentou dar aparência de legalidade no uso do sistema de espionagem First Mile

Brasília|Carlos Eduardo Bafutto e Gabriela Coelho, do R7, em Brasília

Ramagem interferiu nas investigações, diz PF
Ramagem interferiu nas investigações, diz PF Ramagem interferiu nas investigações, diz PF (Pablo Valadares/Câmara dos Deputados - 07.07.2021)

O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem (PL-RJ) interferiu nas investigações sobre o uso ilegal do sistema de espionagem First Mile dentro da Abin. Segundo a Polícia Federal, para evitar que as irregularidades no uso ilegal do sistema fossem expostas, Ramagem e o delegado Carlos Afonso anularam o PAD [Processo Administrativo-Disciplinar] e nomearam uma comissão diferente da correta para que o processo fosse anulado. 

A PF afirma que a anulação do PAD não foi a única ação realizada para evitar a responsabilidade dos principais gestores após o uso irregular do sistema First Mile. Também foi constituído processo para dar aparência de legalidade da solução tecnológica em ação cujo objeto declarado seria: "Mapeamento de Processo de Aquisição de ferramenta de TIC".

Em março de 2020, Ramagem teria determinado que a Secretaria de Planejamento, sob o comando do delegado Carlos Afonso, consultasse as unidades da Abin para que fosse mapeado o processo padrão para futuras aquisições. Segundo a PF, isso seria uma tentativa de "legalizar" o uso do sistema.

Ramagem usou de forma ilegal sistema da Abin, diz PF
Ramagem usou de forma ilegal sistema da Abin, diz PF Ramagem usou de forma ilegal sistema da Abin, diz PF (Reprodução / Record TV)

A declaração de legalidade das ferramentas da Abin, em especial do First Mile, foi concluída com manifestações elogiosas dos principais gestores da agência em maio de 2021. O sistema First Mile foi utilizado desde fevereiro de 2019, conforme registros de acesso disponíveis. Depois disso, a “legalidade” na aquisição e uso da ferramenta foi declarada em momento posterior ao uso e o entendimento, sem motivação declarada, tendo sido alterado em agosto de 2021.

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A alteração do entendimento sobre a legalidade do uso do sistema veio com a determinação da instauração de correição por Ramagem, em 30 de agosto de 2021. Segundo a PF, a alteração do entendimento se deu devido à exposição do uso irregular do sistema, bem como das ações ilícitas.

Operação Última Milha

Em 2023, a PF descobriu indícios do uso de mais ferramentas de espionagem ilegal por servidores da Abin — entre elas um programa de invasão de computadores que permitia acesso a todo o conteúdo privado dos alvos. Os softwares foram encontrados nos equipamentos apreendidos durante as buscas. As informações foram repassadas à RECORD por uma fonte da corporação.

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A suspeita é que os investigados usavam “técnicas que só são permitidas mediante prévia autorização judicial”.

Em 20 de outubro do ano passado, a PF revelou que um sistema de geolocalização da Abin para dispositivos móveis, como celulares e tablets, teria sido usado em monitoramentos ilegais por servidores mais de 30 mil vezes em dois anos e meio. Entre os alvos da espionagem irregular estariam ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), jornalistas, políticos e adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A PF também cumpriu 25 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, em São Paulo, em Santa Catarina, no Paraná e em Goiás. Os agentes encontraram mais de US$ 171 mil em espécie na casa de um dos suspeitos, em Brasília. Além disso, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou o afastamento de outros cinco funcionários da Abin.

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