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Polícia Federal aponta que organização criminosa atuava em três núcleos dentro da Abin

Segundo a PF, grupos formados por policiais federais e outros servidores produziam informações para uso político e midiático

Brasília|Gabriela Coelho e Carlos Eduardo Bafutto, do R7, em Brasília

PF aponta núcleo de espionagem ilegal na Abin
PF aponta núcleo de espionagem ilegal na Abin PF aponta núcleo de espionagem ilegal na Abin (Antonio Cruz/Agência Brasil - 02/03/2023)

A Polícia Federal (PF) apontou a atuação de três núcleos de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Segundo a PF, os investigados criaram uma estrutura paralela dentro da agência. De acordo com a corporação, o grupo utilizou ferramentas e serviços da agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da PF.

Foram identificados os seguintes núcleos de atuação:

1. Cúpula: formado por delegados federais cedidos para Abin exercendo funções de direção e utilizaram o sistema First Mile "para monitoramento de alvos e autoridades públicas, bem como serviço de contrainteligência e criação de relatórios apócrifos que seriam divulgados com o fim de criar narrativas falsas". Neste grupo são apontados como integrantes pela PF: o deputado Alexandre Ramagem, que à época era diretor-geral da Abin, e o delegado da PF Carlos Afonso Gonçalves, ex-diretor do Departamento de Inteligência Estratégica. 

1.2 Subordinados: policiais federais cedidos à Abin que serviam de “staff” para a alta gestão, cumprindo as determinações, monitorando alvos e produzindo relatórios. Neste núcleo foram apontados policiais federais e outros servidores públicos.

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2. Evento-Portaria 157: responsáveis pelas diligências que resultaram na tentativa de vinculação de parlamentares e ministros do Supremo Tribunal Federal a organizações criminosas. Segundo a PF, foram identificadas anotações cujo conteúdo remete à tentativa de associação de deputados federais e ministros do STF, à organização criminosa conhecida como PCC (Primeiro Comando da Capital).

3. Tratamento-Log: responsável pelo tratamento dos logs disponíveis desde do início da investigação.

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Buscas nesta quinta-feira

A operação da Polícia Federal desta quinta-feira fez buscas em endereços no Distrito Federal, Minas Gerais e Rio de Janeiro, entre eles o gabinete do deputado federal Alexandre Ramagem. A RECORD e o R7 procuraram a assessoria de Ramagem, que disse que não se posicionaria no momento.

A PF também suspendeu sete policiais federais do exercício das funções públicas. As ações desta quinta-feira (25) fazem parte das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro de 2023.

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Os mandados de busca e apreensão são cumpridos nas seguintes cidades:

- Brasília (DF) – 18 mandados;

- Juiz de Fora (MG) – 1 mandado;

- São João Del Rei (MG) – 1 mandado;

- Rio de Janeiro (RJ) - 1 mandado.

Caso os crimes sejam comprovados, os suspeitos podem responder por invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

Operação Última Milha

Em 2023, a PF descobriu indícios do uso de mais ferramentas de espionagem ilegal por servidores da Abin — entre elas um programa de invasão de computadores que permitia acesso a todo o conteúdo privado dos alvos. Os softwares foram encontrados nos equipamentos apreendidos durante as buscas. As informações foram repassadas à RECORD por uma fonte da corporação.

A suspeita é que os investigados usavam “técnicas que só são permitidas mediante prévia autorização judicial”.

Em 20 de outubro do ano passado, a PF revelou que um sistema de geolocalização da Abin para dispositivos móveis, como celulares e tablets, teria sido usado em monitoramentos ilegais por servidores mais de 30 mil vezes em dois anos e meio. Entre os alvos da espionagem irregular estariam ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), jornalistas, políticos e adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A PF também cumpriu 25 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, em São Paulo, em Santa Catarina, no Paraná e em Goiás. Os agentes encontraram mais de US$ 171 mil em espécie na casa de um dos suspeitos, em Brasília. Além disso, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou o afastamento de outros cinco funcionários da Abin.

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