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Ramagem ‘ordenou’ vigilância ilegal e produção de dossiês contra opositores, diz PF

Ex-diretor da agência também teria usado as informações angariadas para vetar nomeações de pessoas no governo

Brasília|Rute Moraes, do R7, em BrasíliaOpens in new window

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Alexandre, ex-diretor da Abin, usou estrutura, servidores e recursos para fins 'ilícitos' na agência Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados - 27/05/2025

As investigações da Polícia Federal no inquérito sobre a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) “paralela” mostram que o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), na época diretor-geral da Abin, determinou a vigilância ilegal e a produção de dossiês contra opositores políticos do governo de Jair Bolsonaro (PL).

Há pouco, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes levantou sigilo do caso. Na terça-feira (17), a PF pediu o indiciamento de mais de 30 pessoas no caso.


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No inquérito, de mais de mil páginas, a PF afirma que Ramagem, de maneira “livre, consciente e voluntária, comandou a organização criminosa estruturada dentro da Abin integrou o núcleo de inteligência da ORCRIM”.

O deputado comandou a agência entre julho de 2019 e março de 2022. A corporação alega que Ramagem usou a estrutura, servidores da Abin e recursos, como orçamento, o sistema de monitoramento First Mile e viaturas da agência, para “fins ilícitos e particulares, desviando a finalidade da instituição”.


As investigações indicam que o deputado ordenou, coordenou e/ou teve ciência e anuiu com inúmeras ações clandestinas, incluindo:

  • Vigilância ilegal e produção de dossiês contra opositores políticos (parlamentares, jornalistas, ativistas), membros do Judiciário e do MPF, e servidores públicos;
  • Monitoramento ilegal em massa via sistema de espionagem First Mile;
  • Interferência em investigações da Polícia Federal e da Receita Federal para proteger aliados e familiares do então presidente;
  • Produção e disseminação de desinformação e ataques ao sistema eleitoral;
  • Veto político-ideológico para nomeações;
  • Uso da estrutura para obtenção de vantagens políticas e pessoais;
  • Fornecimento de suporte de inteligência para tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;

“Suas ações visavam atender aos interesses políticos e pessoais do grupo no poder, perseguir opositores, blindar aliados, desacreditar instituições, atacar o sistema eleitoral e viabilizar a manutenção do grupo no poder por meios ilegais”, afirmou a PF.


Conforme a PF, o sistema de monitoramento ilegal usado era o “First Mile”, adquirido em 2018 durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB). Contudo, as investigações apontam que a tecnologia foi usada “essencialmente durante a gestão” do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), investigado no inquérito.

Ontem, após a informação de seu indiciamento, Ramagem afirmou que a sua gestão a frente a Abin exigiu controle para apurar as ações ilegais com “farta documentação”.


“A investigação da PF descambou. Revelou-se apenas criatividade endereçada à imprensa; vontade da Abin de não ter controle; uma PF desestruturando a inteligência de estado; e, ao final, rixa política interna contra a administração do Lula na Abin. Quando houver acesso ao relatório final, analisarei ponto a ponto, de forma técnica e fundamentada, contra as narrativas criadas pela PF”, escreveu nas redes sociais.

O inquérito é resultado da Operação Última Milha, que apura uma organização criminosa responsável por monitoramentos ilegais de desafetos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), além da produção de notícias falsas a partir dos sistemas da Abin.

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