Depois do susto e da irritação, passadas 24 horas da saída de Sérgio Moro, o sentimento é de alívio para alguns integrantes do Podemos. O ex-juiz anunciou ontem a filiação ao União Brasil e deverá ser candidato a deputado federal.
Agora, integrantes do Podemos mais alinhados a Jair Bolsonaro estão livres para vocalizar essa opção sem constrangimentos. Lembrando que, nos últimos três anos, os membros do partido na Câmara e no Senado apoiaram o governo em quase 80% das votações.
Moro se ressentia da pouca organização partidária e dos recursos limitados para tocar a campanha à Presidência. Portanto, a migração de partido já era um movimento esperado e que, ao se concretizar, foi recebido como um bálsamo. “Tirou o Podemos dessa polarização atual que prejudica nossas pautas”, disse um dos integrantes mais graduados do partido.
Uma dessas pautas que o Podemos pretende abraçar é a do combate à corrupção. Na visão de alguns quadros do partido, sem Moro, fica mais fácil dialogar com a sociedade na medida em que não haveria a “contaminação política”.
Segundo interlocutores do partido, o que o Podemos perde com a saída de Moro em termos de projeção na disputa presidencial, o partido ganha com a possibilidade de liberar seus integrantes a subir no palanque de candidatos apoiados por Bolsonaro nos estados, especialmente no Paraná, em Santa Catarina e em São Paulo.
Sobre a possibilidade de Deltan Delagnol deixar o partido e seguir os passos de Moro, esses integrantes são categóricos em dizer que não há a menor chance. “O Deltan está feliz e segue conosco. O foco dele é no Congresso e ele tem liberdade para defender os temas anticorrupção.”