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Ex-chefe da Abin, Ramagem diz que operação da PF se deve à 'austeridade' de Bolsonaro

Servidores presos teriam usado a estrutura estatal para espionagem entre julho de 2019 e abril de 2022, segundo a PF

Brasília|Do R7, em Brasília, com informações da Agência Estado

Ramagem era chefe da Abin no governo Bolsonaro
Ramagem era chefe da Abin no governo Bolsonaro Ramagem era chefe da Abin no governo Bolsonaro

O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), diz que a Operação Última Milha, deflagrada na manhã de sexta-feira (20), só foi possível graças ao "início de trabalhos de austeridade" promovidos durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ramagem esteve à frente da Abin durante o período em que os servidores investigados teriam usado a estrutura estatal para espionagem entre julho de 2019 e abril de 2022.

De acordo com a Polícia Federal, o sistema de geolocalização permitia o monitoramento de até 10 mil celulares a cada 12 meses, bastando digitar o número da pessoa para ter acesso às informações. A aplicação também criava históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados.

Os alvos monitorados pela ferramenta seriam críticos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), além de ministros do STF, jornalistas, policiais e advogados.

Em nota publicada nas redes sociais, Ramagem diz que o objeto da operação desta sexta, a ferramenta de monitoramento FirstMile, foi adquirido em 2018, antes do governo Bolsonaro, mas que ao assumir a gestão da Abin determinou uma auditoria interna e encaminhou o contrato do sistema de espionagem para a corregedoria interna da agência. 

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"Esse sistema objeto da operação de hoje na Abin foi adquirido em 2018, antes do governo Bolsonaro. Quando assumimos a Abin, em 2019, promovemos auditoria formal de todos os contratos. O referido sistema não faz interceptação, mas demonstrava fazer localização. Mesmo tendo passado por prova de conceito técnico e parecer favorável da AGU para aquisição (2018), nossa gestão resolveu encaminhar à corregedoria para instaurar correição. A operação de hoje só foi possível com esse início de trabalho de austeridade promovido na nossa gestão (governo Bolsonaro). Rogamos que as investigações prossigam atinentes a fatos, fundamentos e provas, não se levando por falsas narrativas e especulações", escreveu.

Servidores demitidos

Na noite de sexta-feira, os servidores da Abin Eduardo Izycki e Rodrigo Colli, presos na operação, foram demitidos. A exoneração foi publicada em uma edição extra do Diário Oficial da União. 

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Segundo a Casa Civil, eles foram demitidos por participar de gerência ou administração de sociedade privada, por exercer o comércio e por improbidade administrativa. O R7 não conseguiu contato com a defesa dos acusados.

Segundo as investigações, Colli e Yzycky sabiam das ilegalidades e teriam coagido colegas para evitar possíveis demissões. A polícia também cumpriu 25 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, em São Paulo, em Santa Catarina, no Paraná e em Goiás. Os agentes encontraram mais de US$ 171 mil em espécie na casa de um dos suspeitos, em Brasília.

Os investigados podem responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

O programa FirstMile foi comprado por R$ 5,7 milhões da empresa israelense Cognyte, com dispensa de licitação, no fim do governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), em 2018. 

Em março deste ano, a Abin afirmou que a tecnologia não está mais em uso desde 8 de maio de 2021. "Atualmente, a agência [Abin] está em processo de aperfeiçoamento e revisão de seus normativos internos, em consonância com o interesse público e o compromisso com o Estado democrático de Direito", informou a agência, em nota, à época.

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