Servidores da Abin são presos em operação que investiga suposto uso indevido de sistema de localização
Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Yzycky tinham conhecimento do suposto esquema e teriam coagido colegas para evitar demissões
Brasília|Rafaela Soares e Gabriela Coelho, do R7, em Brasília
Os servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Yzycky foram presos em uma operação da Polícia Federal, nesta quinta-feira (20). Os agentes apuram suspeitas de que os alvos teriam usado o sistema de geolocalização de dispositivos móveis — como celulares e tablets — da agência sem autorização. A investigação revela que Colli e Yzycky sabiam das ilegalidades e teriam coagido colegas para evitar possíveis demissões.
Além dos servidores, a polícia também afastou cinco pessoas de cargos dentro da Abin e cumpriu 25 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Goiás. Os agentes encontraram mais de US$ 171 mil em espécie na residência de um dos afastados do cargo, em Brasília.
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Segundo os investigadores, o software utilizado pela Abin é um programa que permite acessar o sistema de rede de telefonia brasileira. A PF encontrou indícios de que a rede foi invadida repetidas vezes, com a utilização do serviço, adquirido com recursos públicos, para fins pessoais.
Os investigados podem responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
Balanço da operação
Busca e apreensão
• 17 mandados no Distrito Federal;
• 1 mandado em Alexânia (GO);
• 1 mandado em São Paulo (capital) e 1 em São José dos Campos (SP);
• 1 mandado em Curitiba (PR) e 1 em Maringá (PR);
• 1 mandado em Florianópolis (SC), 1 em São José (SC) e 1 em Palhoça (SC).
Total: 25 mandados
Prisão preventiva
• 2 mandados no Distrito Federal
Afastamento
• 5 mandados no Distrito Federal
O sistema
O programa FirstMile foi comprado por R$ 5,7 milhões da empresa israelense Cognyte, com dispensa de licitação, no fim do governo Temer, em 2018. A ferramenta permitia o monitoramento de até 10 mil celulares a cada 12 meses, bastando digitar o número da pessoa. Além disso, a aplicação criava históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados.
Em março deste ano, a Abin afirmou que a tecnologia não está mais em uso desde 8 de maio de 2021. "Atualmente, a Agência está em processo de aperfeiçoamento e revisão de seus normativos internos, em consonância com o interesse público e o compromisso com o Estado democrático de Direito", informou a Abin, em nota da época.