Senado aprova projeto que torna obrigatório o ensino sobre mulheres históricas nas escolas
Obrigatoriedade de ensinar sobre mulheres importantes se aplica às escolas públicas e às particulares; proposta segue para sanção
Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília
O plenário do Senado aprovou nesta terça-feira (10) um projeto de lei que prevê que escolas públicas e particulares ensinem sobre mulheres importantes na ciência, nas artes, na economia, na política e na cultura do Brasil e do mundo. A proposta vale para instituições de ensino fundamental e médio. O projeto também cria a Semana de Valorização de Mulheres que Fizeram História. Agora, o projeto segue para sanção presidencial.
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Pelo texto, as escolas terão a obrigação de ensinar mais sobre a história e as conquistas das mulheres. Isso quer dizer que, além do que já é ensinado, as aulas vão incluir informações sobre o que as mulheres realizaram e conquistaram nas áreas de ciência, arte, cultura, economia e política. O projeto de lei é da deputada Tabata Amaral (PSB-SP).
A relatora do projeto de lei no Senado, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), deu um parecer favorável ao texto. No relatório, ela destaca que estereótipos existentes fazem com que a genialidade e o talento sejam frequentemente associados mais aos homens do que às mulheres. Soraya também cita estudos que mostram que meninas, desde cedo, se sentem menos capazes do que os meninos em diversas atividades, especialmente nas ciências exatas.
“A existência desses estereótipos influencia a tomada de decisões de meninas a partir dos seis anos de idade, desencorajando-as de interesses em determinadas matérias, o que, como consequência, contribui para que diversas áreas e carreiras de grande reconhecimento tenham baixa representação de mulheres”, diz Soraya.
A relatora também destaca que, frequentemente, as mulheres são marginalizadas e sub-representadas na história, e, em alguns casos, até mesmo excluídas dos livros de história.
“Hoje sabemos que muitas descobertas e conquistas em diversas áreas atribuídas a homens tiveram, na verdade, a participação de mulheres cujos nomes foram propositadamente ignorados ao longo da história e durante a transmissão do conhecimento.”
De acordo com dados da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), as mulheres representam menos de 34% dos pesquisadores no mundo. No Brasil, apenas 12% delas fazem parte das academias científicas. A situação é semelhante nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, onde apenas 35% dos alunos são mulheres globalmente. No Brasil, essa porcentagem é de 31%.