PRF, acampamentos e atos de 8/1: os principais pontos do depoimento de Torres à CPI da CLDF
Por cerca de cinco horas, o ex-secretário de Segurança do DF respondeu a perguntas dos deputado distritais
Brasília|Giovanna Inoue, do R7, em Brasília
O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres prestou depoimento nesta quinta-feira (10) à CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) que investiga os atos extremistas de 8 de janeiro. Em oitiva, que durou cerca de cinco horas, o ex-ministro repetiu as afirmações feitas à CPMI do Congresso Nacional na terça-feira (8) e se isentou de responsabilidade pelos atos de vandalismo.
Durante comentário inicial, Torres ecoou a fala de abertura que havia pronunciado durante a CPMI, mas reforçou o protocolo que era seguido na chegada de documentos a ele, de modo a se desvencilhar da minuta do golpe encontrada na casa dele, em 10 de janeiro. "Este papel não foi para o lixo por mero descuido. Não sei quem entregou este documento apócrifo e desconheço as circunstâncias em que foi produzido", completou.
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O ex-secretário se referiu aos atos extremistas como "revoltosos e repugnantes" e pediu desculpa por não ter comparecido às convocações anteriores, por estar "passando por um momento difícil". Esta foi a quarta vez que o depoimento de Torres foi marcado no colegiado da Câmara Legislativa.
Silvinei Vasques e PRF
Torres se adiantou às perguntas sobre a operação da Polícia Rodoviária Federal no Nordeste no dia do segundo turno e comentou o episódio logo no começo. "Gostaria de esclarecer que nunca determinei, ou sugeri, ao diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, ou ainda a qualquer pessoa, que interferisse no processo eleitoral de modo a beneficiar qualquer um dos candidatos."
"A Diretoria de Inteligência do Ministério da Justiça produziu uma planilha em que constavam os locais onde os candidatos Lula e Bolsonaro obtiveram mais de 75% dos votos no primeiro turno, com o intuito de fazer um cruzamento e tentar identificar possíveis crimes eleitorais nestes redutos. Não compartilhei com ninguém este documento e, até onde sei, ele também não foi difundido nos canais de inteligência", afirmou.
À época, Torres era ministro da Justiça, e, segundo ele, a pasta respeitava a autonomia da PRF. "Nossa determinação em relação à eleição sempre foi de reprimir a compra de votos e os demais crimes eleitorais", afirmou.
Questionado sobre a atuação de Silvinei na desmobilização dos bloqueios de estradas, o ex-ministro afirmou que não acreditava que o ex-diretor-geral tenha desobedecido a ordens. "Ele trabalhou dia e noite, sem parar, para tentar desobstruir."
Silvinei foi preso preventivamente nesta quarta-feira (9) por suspeita de uso da máquina pública para interferir no processo eleitoral do ano passado. Segundo as investigações, integrantes da PRF teriam direcionado recursos humanos e materiais com o intuito de dificultar o trânsito de eleitores no segundo turno.
Acampamentos extremistas
Anderson Torres acusou o Exército de não ter permitido a desmobilização de acampamentos extremistas. "O Exército nunca permitiu que se tomasse alguma medida em relação às pessoas que estavam acampadas", afirma. O ex-secretário disse que não tomou atitudes para a desmobilização dos acampamentos como ministro da Justiça por "não ser atribuição do ministério". O R7 entrou em contato com o Exército brasileiro e aguarda um posicionamento.
Ele afirmou ainda que começou uma movimentação para desmontar os acampamentos "assim que tomou posse" como secretário. Torres disse que marcou uma reunião com outras secretarias "na minha primeira semana". "A operação de desmobilização dos acampamentos começaria no dia 10, estava marcada", explicou.