Em depoimento à CPI, Torres acusa Exército de não permitir desmobilização de acampamentos
Ex-secretário afirma que uma ação para desmontar acampamentos estava marcada para o dia 10 de janeiro
Brasília|Giovanna Inoue, do R7, em Brasília
Em depoimento prestado à CPI nesta quinta-feira (10), o ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres acusa o Exército de não ter permitido a desmobilização de acampamentos extremistas. "O Exército nunca permitiu que se tomasse alguma medida em relação às pessoas que estavam acampadas", afirma. O ex-secretário diz que não tomou atitudes para a desmobilização do acampamento como ministro da Justiça por "não ser atribuição do ministério".
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Ele afirma que começou uma movimentação para desmontar os acampamentos "assim que tomou posse" como secretário. Torres diz que marcou uma reunião com outras secretarias "na minha primeira semana". "A operação de desmobilização dos acampamentos começaria no dia 10, estava marcada", explica.
Procurado pelo R7, o Exército Brasileiro informou que "não se manifesta sobre processos de investigação conduzidos por outros órgãos". "Cabe destacar que esse é o procedimento que tem pautado a relação de respeito do Exército Brasileiro com as demais instituições da República", completou em nota.
Acampamentos em frente ao Quartel-General
Em março, o Governo do Distrito Federal (GDF) enviou um ofício ao Supremo Tribunal Federal (STF) em que relatava que o Exército atrapalhou as operações de fiscalização contra vendedores ambulantes que estavam acampados em frente ao Quartel-General, em Brasília, no fim do ano passado.
Segundo o documento, o DF Legal foi acionado para notificar os ambulantes que estavam no QG do Exército e apreender as mercadorias e os equipamentos utilizados por eles. A primeira operação fiscal foi marcada para 12 de novembro do ano passado, e o Exército teria de providenciar a segurança dos servidores da secretaria. Apesar disso, o GDF disse que a equipe de fiscalização foi hostilizada e não conseguiu realizar o trabalho.
Em janeiro, a Polícia do Distrito Federal registrou 73 ocorrências de crimes diversos no acampamento. Entre os casos estavam furto, crime contra a honra, lesão corporal, danos ao patrimônio e acidente de trânsito com vítima. Os crimes ocorreram na área do acampamento e em outras regiões de Brasília.