Sócio da 123milhas diz que cerca de 150 mil pessoas que compraram pacotes não vão conseguir viajar
Sócios e diretores da empresa de viagens prestaram depoimento à CPI das Pirâmides Financeiras nesta quarta-feira
Brasília|Camila Costa, do R7, em Brasília
O sócio da empresa 123milhas Ramiro Júlio Soares Madureira afirmou nesta quarta-feira (6) que 150 mil pessoas que compraram pacotes de viagem para o período entre setembro e dezembro de 2023 não vão conseguir viajar. A declaração foi dada durante depoimento à CPI das Pirâmides Financeiras, que realiza nesta quarta-feira (6) oitivas com sócios e diretores da empresa de viagens.
Segundo Madureira, a suspensão das viagens recai somente sobre clientes que efetuaram compras de pacotes previstos entre setembro e dezembro deste ano. Embarques para outras datas, portanto, continuam supostamente contemplados. Porém, a empresa conta com o andamento da recuperação judicial para isso.
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A agência de viagens 123milhas anunciou em 18 de agosto que não emitiria as passagens "flexíveis", com preço promocional da linha Promo, para viagens entre setembro e dezembro de 2023, e que iria ressarcir os clientes com um voucher, sem a opção de devolução em dinheiro. No entanto, na oitiva desta quarta (6), o sócio da empresa disse que ainda não há prazo para ressarcir os clientes lesados.
Uma das condições para restituir os clientes, segundo o empresário, será continuar vendendo outros tipos de pacotes, em diferentes operações da empresa. “Alguns recursos que estamos tentando liberar para começar esse trabalho de ressarcimento. Precisamos continuar em operação para gerar esses recursos”, indicou Madureira.
No total, dez pessoas associadas à empresa foram alvo de pedidos de convocação pelo colegiado. O objetivo é entender se houve um esquema de pirâmide financeira adotado pela 123milhas, como entende o presidente da CPI das Pirâmides Financeiras, o deputado Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ). "A tendência é o colapso do esquema e a ruína dos participantes, que, muitas vezes de boa-fé, realizaram as suas compras e jamais recuperarão os seus recursos", disse o presidente.
O comparecimento de Ramiro e outros sócios e diretores da 123milhas à CPI ocorre após os depoentes faltarem em duas ocasiões, e o presidente da comissão anunciar que requereu à Justiça a condução coercitiva. A primeira convocação estava marcada para 29 de agosto, mas os depoentes não compareceram sob o argumento de que não foram formalmente intimados. Após serem reconvocados, alegaram haver uma reunião agendada no mesmo horário no Ministério do Turismo.