STF valida lei que obriga repasse de R$ 3,5 bi para internet nas escolas
A Corte julgou constitucional a Lei 14.172/2021, que prevê recursos para garantir internet com fins educacionais
Brasília|Luiz Calcagno, do R7, em Brasília
O governo federal vai ter que transferir R$ 3,5 bilhões aos estados e ao Distrito Federal a fim de garantir acesso à internet, com fins educacionais, a professores e alunos de educação básica da rede pública. A medida é prevista pela Lei 14.172/2021, declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sessão da última sexta-feira (1º).
O plenário da Corte julgou improcedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6926, de autoria do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), que pedia que o texto fosse considerado inconstitucional. O presidente apelou para o STF após o Congresso derrubar o veto ao projeto de lei.
Leia também
O argumento é que o texto ameaçaria o equilíbrio fiscal da União e desrespeitaria o limite de gastos estabelecido pela Emenda Constitucional (EC) 95/2016. O ministro Dias Toffoli, relator da ADI 6926, afirmou, em voto contrário à ação, que a educação é um direito consagrado na Constituição e que a Lei 14.172/2021 não fere o teto de gastos. Segundo ele, o acesso à internet é um pressuposto para a concretização desse direito.
Ainda de acordo com o ministro, a própria Advocacia-Geral da União (AGU) prestou informações e descreveu como o Executivo poderia fazer o repasse sem desrespeitar o teto.
Fora do teto de gastos
A decisão do STF ocorre ao mesmo tempo em que tramita na Câmara a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 015/22, do governo federal, que institui vários benefícios a categorias em ano eleitoral. Um dos benefícios é o auxílio mensal aos caminhoneiros, entre julho e dezembro, no valor de R$ 1 mil.
A PEC, que custará R$ 5,4 bilhões aos cofres públicos, cria, ainda, o auxílio de R$ 2 bilhões aos taxistas e aumenta o Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, um gasto de cerca de R$ 26 bilhões. No total, o valor chega a R$ 33,4 bilhões, recursos fora do teto de gastos. O valor, no entanto, será maior, já que o texto também prevê dobrar o valor do auxílio gás.