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Uso da Abin para ações políticas: veja ponto a ponto do relatório feito pela Polícia Federal

Documento da PF descreve atuação de organização criminosa com apoio de servidores da inteligência

Brasília|Do R7, em Brasília

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Um dos pontos do relatório mostra conversa entre Bolsonaro e Ramagem sobre blindagem do filho do ex-presidente Carolina Antunes/PR - 17.07.2019

A Polícia Federal concluiu um relatório que identifica a existência de uma organização criminosa instalada na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), com atuação voltada à proteção do núcleo político do ex-presidente Jair Bolsonaro, ao monitoramento de adversários e ao desvio de recursos da estrutura estatal para fins particulares.

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) retirou o sigilo do documento feito pela PF na tarde desta quarta-feira (18).


O relatório, elaborado pela Divisão de Operações de Inteligência Cibernética, detalha como sistemas da agência foram usados sem autorização judicial para vigiar opositores, jornalistas e servidores públicos.

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A seguir, os principais pontos do relatório:


Desvio de finalidade da estrutura da Abin

A organização utilizava os recursos técnicos e humanos da agência para executar ordens de interesse político. Mudanças em decretos entre 2016 e 2020 favoreceram a centralização das operações.

A cadeia hierárquica, que envolvia comandos diretos, evitava registros formais e rastreáveis.


Sistema First Mile e aquisição ilegal

O sistema israelense First Mile foi adquirido sem licitação por mais de R$ 5,7 milhões. A ferramenta explorava falhas em redes de telefonia para rastrear alvos em tempo real, sem autorização judicial.

A compra ocorreu na gestão de Janer Alvarenga e continuou sob o comando de Alexandre Ramagem, então diretor-geral da Abin. Técnicos omitiram o caráter invasivo do sistema nos documentos de contratação.


Leia: ‘Abin Paralela’: veja os indiciados e os crimes imputados a eles pela Polícia Federal

Uso político e coação em processo disciplinar

Durante um processo disciplinar interno, investigados ameaçaram expor o uso ilegal do First Mile. A direção da Abin buscou legitimar retroativamente o uso da ferramenta, inclusive com declarações contraditórias de servidores pressionados.

Ramagem interveio diretamente no procedimento, suspendendo demissões sem atribuição legal. O episódio foi descrito como “chantagem institucional”.

Espionagem e difusão de desinformação

A estrutura clandestina produziu monitoramentos e dossiês sobre opositores, como os parlamentares Humberto Costa e Alessandro Molon, além do jornalista Leandro Demori.

Foram rastreadas lideranças de caminhoneiros, servidores do TSE, institutos de pesquisa, magistrados do STF e até familiares de Jair Bolsonaro, como Jair Renan Bolsonaro. O material alimentava narrativas de fraude eleitoral.

Interferência em órgãos de controle

Uma reunião com Jair Bolsonaro, Augusto Heleno, Alexandre Ramagem e advogadas envolvidas no caso Flávio Bolsonaro tratou de estratégias para invalidar dados da Receita Federal.

A Abin buscava dossiês sobre auditores fiscais e tentou influenciar a nomeação de corregedores para bloquear investigações.

Uso da máquina para benefício eleitoral

Policiais federais cedidos à Abin atuaram na campanha de Ramagem para deputado federal, com uso de recursos não declarados. Fontes internas da agência recebiam cargos em troca de informações políticas.

O ex-diretor obteve listas de inquéritos da PF no Rio de Janeiro e participou da manipulação de investigações envolvendo os casos Marielle Franco e Adélio Bispo.

Obstrução da atual gestão

A gestão atual da Abin, sob comando de Luiz Fernando Corrêa, adotou medidas que, segundo a PF, dificultaram a apuração. Houve atrasos na entrega de logs, tentativas de levar o caso ao STF e formatação de notebooks usados nas investigações.

A ex-corregedora Lidiane Souza dos Santos, que colaborava com a Polícia Federal e a CGU, foi alvo de assédio e dossiês internos.

Indiciamentos e crimes identificados

A Polícia Federal indiciou nomes como Alexandre Ramagem, Felipe Arlotta Freitas, Henrique Zordan e outros por organização criminosa, peculato, fraude processual, corrupção passiva e violação de sigilo.

As ações foram classificadas como reiteradas e articuladas, com divisão de tarefas e uso da estrutura estatal em benefício de interesses políticos.

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