Parece até lançamento de nova geração: após quase cinco anos de mercado, o Ford Ecosport enfim ganha sua primeira remodelação. Precursor dos SUVs compactos, o modelo produzido em Camaçari (Bahia) desde 2003 quer novamente revolucionar. Só que desta vez tem missão duríssima pela frente, contra rivais que se consolidaram nas vendas, em especial o Honda HR-V, líder do segmento desde que estreou, em 2015. São muitos novos adversários, e para fazer valer sua tradição, o Ecosport vem quase inteiro renovado, dos pneus ao teto — exceto pela traseira que mantém o estepe preso à tampa.
Do Ecosport atual, pouco restou. A suspensão foi recalibrada, o visual dianteiro modernizado e a cabine radicalmente redesenhada. Uma vez a bordo, tem-se a impressão de se estar em um Ecosport totalmente novo. Apesar de a carroceria ser a mesma de antes, a Ford fez atualizações. A grade, por exemplo, tem um controle ativo que melhorou o coeficiente de arrasto aerodinâmico, agora de 0,35 Cx. Mas das principais novidades, as maiores são a cabine em si, com um painel absolutamente novo, e o leque de motorizações, que traz o 2.0 de injeção direta do Focus (178 cv) e um inédito 1.5 de três cilindros (137 cv).
A Ford trocou até a transmissão. Sai o câmbio automatizado Powershift, de dupla embreagem e seis marchas, entra a caixa automática de iguais seis marchas, com padre-shifts no volante. A substituição ocorre em resposta às reclamações de clientes sobre problemas que estariam ligados à transmissão Powershift — como trepidação e mal-funcionamento. Resumindo, o novo Ecosport é quase uma nova geração, para tentar recuperar o terreno perdido nos últimos anos para os novos rivais, dentre eles Hyundai Creta, Jeep Renegade, Nissan Kicks, Chevrolet Tracker, Renault Captur e Duster, entre outros.
E como é o Novo Eco?
Diferente dos modelos anteriores, o Ecosport ganhou o mundo, virou carro global para mais de 140 países, chegando a mercados até improváveis para o seu porte, como o norte-americano. Por isso a Ford reformulou praticamente todo o veículo, inserindo conteúdos inéditos no modelo e na categoria. Para começar, o novo Eco terá como padrão, em todas as versões, tela multimídia flutuante e sete airbags — incluindo um para os joelhos do motorista. Em acabamento, o SUV dá um salto de qualidade, com a parte superior do painel inteira macia ao toque. Será também o primeiro a oferecer duas entradas USB para carregar gadgets.
Em tamanho, o Ecosport não muda muito, mas traz novas soluções. A principal delas é o sistema "Flip and Fold", que permite deslocar o assento do banco traseiro para frente, permitindo criar um assoalho plano com os encostos, fazendo o volume do porta-malas saltar de 356 litros para 1.178 litros. Aos passageiros, a cabine também é generosa em porta-objetos. São mais de 20 nichos espalhados, com alguns deles de concepção moderna, como o que fica logo acima da tampa do porta-luvas — uma espécie de bandeja capaz de receber até um tablet. Até a parte acústica recebeu reforço, para melhorar o conforto de rodagem.
Sob o capô, o novo Eco virá forte e totalmente renovado. Na base da gama, o SUV promove a estreia do inédito 1.5 flex de três cilindros, que substituí o 1.6 16V da família Sigma. O novo motor chega inicialmente importado da Índia, mas será produzido em breve no Brasil. Mais forte que o antecessor, o novo 1.5 3C é capaz de gerar potências de 130 cv e 137 cv a 6.500 rpm, e torques de 15,6 kgfm e 16,1 kgfm a 4.500 rotações, sempre com gasolina e etanol. No Programa de Etiquetagem do Inmetro, recebeu Nota A, com médias de 8,3 km/l e 9 km/l na cidade, e de 11,6 km/l e 13,1 km/l na estrada, na mesma ordem.
Para a versão topo de linha Titanium, a Ford traz da linha Focus o moderno 2.0 16V Duratec Direct flex, o primeiro da cilindrada a ter sistema de injeção direta. Em desempenho, este motor coloca o Ecosport como o SUV mais potente entre os compactos. São 170 cv com gasolina e 176 cv com etanol a 6.500 giros, e torque de 20,6 kgfm e 22,5 kgfm a 4.500 rotações. Este virá sempre acoplado ao câmbio automático de seis marchas, enquanto as configurações 1.5 flex poderão usar uma transmissão manual de cinco marchas, além da caixa automática de seis velocidades. A tração é sempre dianteira — versão 4x4 só chega depois.
Acelerando o novo Eco Freestyle
Primeiro a Ford nos convidou a acelerar a versão mais cara Titanium 2.0 (veja aqui). Nela estão as principais tecnologias adotadas no SUV — não havia como ser diferente. Mas a curiosidade estava nas configurações 1.5 flex, em especial a intermediária Freestyle, que deve concentrar parte das vendas. Muito completa de equipamentos, esta já sai de fábrica com a tela multimídia de 8 polegadas da central Sync3, sensível ao toque, de processamento rápido e com plataformas Apple CarPlay e Google Android Auto. Na segurança, tem Isofix, controles de estabilidade e de tração, assistente de saída em rampas e sete airbags.
Mas vamos ao que interessa: desempenho. O primeiro contato com o novo Ecosport Freestyle 1.5 foi curtinho, mas surpreendente. Mesmo com a tendência do downsizing de motores, é inevitável duvidar da real capacidade de um pequeno bloco de 1.5 litro em um SUV de 1,2 tonelada. O surpreendente é justamente notar que este motor é mais capaz que o antigo 1.6 Sigma, que já era tido como referência em performance. Sua construção moderna, com bloco em alumínio, e os muitos subsistemas aplicados pela engenharia da Ford o fazem responder rapidamente. Cerca de 85% do torque já está disponível a partir de 1.500 rotações.
Em movimento, o novo Eco transmite leveza, ao mesmo tempo em que demonstra solidez e equilíbrio. A Ford recalibrou a suspensão e mexeu em algumas partes do chassis para dar essa maior firmeza de rodagem ao SUV. O resultado das várias tecnologias pode ser visto em movimento. Além de oferecer acelerações agradáveis, com ótimo torque em baixo giro, o novo Eco trabalha silencioso e oferece boas respostas do novo câmbio automático de seis marchas. Em velocidade de cruzeiro, a 100 km/h, o motor 1.5 trabalha suave, a cerca de 2.000 rpm, favorecendo o melhor consumo de combustível. A transmissão oferece paddle-shifts no volante.
Durante o test drive simulamos situações de retomada e ultrapassagem, e novamente o novo Eco surpreendeu. O motor 1.5 3C é elástico e permite acelerações intensas, com giro alto, superando os 6.000 rpm para atingir as potências máximas. O câmbio aceita bem os comandos e é ágil nas trocas em alta, mas preza mesmo é pela suavidade — só perde em dinamismo para a caixa automatizada Powershift. Com este conjunto, o novo Ecosport promete superar alguns rivais em desempenho e consumo, inclusive adversários com motores maiores, caso do Jeep Renegade 1.8 flex e do Nissan Kicks 1.6 flex.
Preços e versões
A Ford inicia nesta terça-feira (25) a pré-venda do novo Eco, com oferta especial para os clientes fieis ao modelo desde o seu lançamento, há quase 15 anos. Estes poderão comprar o Ecosport 2018 com taxa zero e primeira revisão grátis. As vendas nas concessionárias começam em meados de agosto, quando o SUV estará disponível em toda a rede brasileira. Com o novo Eco, a Ford espera se aproximar e até superar concorrentes diretos que nos últimos anos estão à frente nas vendas. É o caso de Jeep Renegade e Hyundai Creta. A liderança (incontestável) do Honda HR-V ainda parece distante, mas está na mira.
A Ford aposta alto na tradição do Ecosport, que já soma mais de 1 milhão de unidades produzidas.
Ford Ecosport SE 1.5 3C flex MT5 — R$ 73.990
Ford Ecosport SE 1.5 3C flex AT6 — R$ 78.990
Ford Ecosport Freestyle 1.5 3C flex MT5 — R$ 81.490
Ford Ecosport Freestyle 1.5 3C flex AT6 — R$ 86.490
Ford Ecosport Titanium 2.0 16V flex AT6 — R$ 93.990
*O jornalista viajou a convite da Ford Motors do Brasil