Ágil e seguro, Toyota Etios Sedã precisa agregar forma ao seu conteúdo
Versão 2014 mantém bom conjunto mecânico, falhas no acabamento e visual polêmico
Carros|Luiz Betti, do R7

Desde que foi lançado, no ano passado, o Toyota Etios nunca se destacou muito entre a concorrência. Reflexo disso são as vendas deste ano, que na versão sedã somaram até novembro só metade do rival Cobalt e cerca de um quarto do líder Siena/Grand Siena — muito pouco para uma montadora que produz dois dos sedãs mais vendidos do mundo (Camry e Corolla). Para tentar reverter o jogo, a versão 2014 do modelo manteve o eficiente conjunto mecânico e trouxe mudanças no acabamento interno, mas serão elas suficientes para colocá-lo em pé de igualdade ante os rivais?
Quero ser chique
A maior novidade da linha Etios brilha aos olhos do motorista assim que ele entra no carro: o painel central de plástico negro, que substituiu a peça anterior cinza-claro. Solução da moda para transmitir requinte ao interior do carro a um baixo custo, o estilo conhecido como black piano vem sendo adotado também por outros veículos, como a minivan chinesa Jac J6, por exemplo.

Contudo, o novo painel não esconde a falta de cuidado geral no interior do veículo. Há parafusos à mostra nos puxadores das portas, maçanetas e console central. O quadro de instrumentos acima do painel central, por sua vez, obriga o motorista a desviar os olhos do caminho para o lado sempre que quiser olhar suas informações.
Além disso, a versão avaliada (a top de linha XLS, de R$ 44.490) não trouxe itens esperados para um carro nessa faixa de preço, como luz de leitura aos passageiros do banco traseiro, porta-revistas atrás dos assentos dianteiros e vidro com sistema um toque ao menos para o motorista — dispositivo presente até nos populares. Por outro lado, os porta-copos espalhados pela cabine são amplos e bem localizados, sem disputar espaço com o freio de mão ou o câmbio.

Surpresa ao volante
Se em acabamento e ergonomia o Etios tem seus pontos fracos, o jogo começa a mudar no quesito espaço interno. Seus bancos são confortáveis e bem acabados, acolhendo até cinco adultos com razoável espaço para pernas, cabeça e ombros.
Atrás, o assoalho traseiro semiplano libera espaço para as pernas do terceiro carona, pena ele não ter um apoio de cabeça próprio. O porta-malas de 562 litros, por sua vez, supera o de rivais como Nissan Versa (460 litros) e Grand Siena (520 litros) e fica apenas um litro atrás do Chevrolet Cobalt.
Ao volante, o Etios Sedã mostrou rendimento acima do esperado ao longo da semana em que foi testado pela reportagem do R7 Carros. O câmbio mecânico de cinco marchas tem engates precisos e explora com eficiência o motor 1.5 16V de 96,5 cavalos (etanol) a 5.600 rpm, que parece entregar mais potência do que tem e garantiu agilidade nas acelerações e fôlego nas retomadas.

A suspensão macia prioriza o conforto, absorvendo as imperfeições do asfalto de maneira suave e sem trancos. A direção elétrica, levíssima, é ótima na hora da baliza, mas poderia ser um pouco mais direta para agradar também àqueles que buscam um maior controle do carro.
Pesa a favor do Etios ainda sua reputação em segurança: o modelo conquistou no ano passado quatro de cinco estrelas possíveis no teste de colisão frontal do Latin NCAP, que testa o nível de segurança dos carros vendidos na América Latina e, nesta semana, deu nota máxima pela primeira vez na história a três veículos nacionais.
O visual externo, por fim, é talvez o ponto mais polêmico do Etios Sedã, cuja carroceria quadradona, com traseira alta e poucos vincos, remete à primeira geração do Renault Logan, que substituiu na nova geração o antigo visual pragmático por uma roupagem mais inspirada, digamos assim. Com um conjunto mecânico eficiente e segurança comprovada no modelo, a Toyota bem que poderia tomar como exemplo o rival francês se pretende alçar voos maiores no segmento e, quem sabe, repetir o sucesso dos irmãos mais velhos em seu sedã de entrada.
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