Brigadeirão, Tio Paulo e serial killer: relembre os crimes que chocaram o Brasil em 2024
R7 selecionou casos de violência, tragédias e feminicídios que se tornaram destaques na mídia e chamaram atenção em 2024
Cidades|Clarissa Lemgruber, do R7, em Brasília
Em 2024, diversos casos de crimes, violência e tragédias foram destaque na mídia e chocaram o país. Desde a morte de duas crianças por envenenamento, passando por massacre em escola, feminicídios, até o assassinato do delator do PCC. O R7 selecionou alguns dos crimes que mais mais marcaram o ano e causaram dor e revolta aos brasileiros. Veja abaixo:
Caso Anic
Anic Herdy desapareceu em 29 de fevereiro deste ano em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, após um suposto sequestro. O caso teve grande repercussão depois que o marido da vítima, Benjamin Herdy, pagou R$ 4,6 milhões pelo resgate.
O corpo da mulher foi encontrado no fim de setembro, em estado avançado de decomposição, enterrado e concretado na garagem da casa de Lourival Fatiga, que confessou ter matado a vítima. A defesa dele afirmou que Anic teria sido morta após levar um soco no pescoço. O réu acusou o viúvo de ser o mandante do crime, o que foi negado pela defesa de Herdy.
Segundo as investigações, a filha de Lourival, Maria Luiza, usou uma loja de conserto de celulares da família para lavar o dinheiro do sequestro. Ela também teria ficado responsável por negociar o recebimento de 950 telefones comprados por Lourival no Paraguai com o dinheiro do resgate de Anic.
Ainda segundo os agentes, parte da quantia foi usada para comprar uma moto, avaliada em R$ 30 mil, para Maria Luiza.
Outro filho de Lourival, Henrique, é suspeito de participar da compra dos dólares para o pagamento do suposto resgate. Ele também esteve com o pai e a irmã em uma concessionária na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, para comprar um veículo de luxo.
Caso tio Paulo
Um momento marcante deste ano foi o caso envolvendo uma mulher que levou um idoso morto a um banco em busca de um empréstimo, em abril.
Érika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, levou o tio Paulo Roberto Braga, de 68 anos, em uma cadeira de rodas a uma agência bancária em Bangu, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro (RJ), onde tentou obter a assinatura dele em um documento autorizando um empréstimo no valor de R$ 17 mil.
Os funcionários suspeitaram do estado de saúde do idoso, e equipes de socorro de emergência confirmaram seu falecimento. Érika foi presa em flagrante.
Inicialmente, o caso estava sendo investigado como vilipêndio de cadáver e tentativa de furto mediante fraude, mas a 34ª Delegacia Policial dividiu a investigação. O delegado Fabio Souza concluiu que, como cuidadora do idoso, Érika deveria ter levado o tio ao hospital ao perceber que ele não estava bem, e não a uma agência bancária.
O caso ganhou notoriedade após a circulação de imagens de Érika e o tio dentro do banco nas redes sociais. As imagens mostram o idoso com uma aparência pálida, sem reações claras e sem firmeza no corpo. Em certo momento, a sobrinha segura a mão do tio e tenta persuadi-lo a assinar um documento, além de insistir em tentar dialogar com ele.
Brigadeirão envenenado
Em 20 de maio, o corpo do empresário Luiz Marcelo Ormond foi encontrado dentro de casa, no bairro Engenho Novo, na zona norte do Rio, em avançado estágio de decomposição. A investigação concluiu que ele morreu após comer um brigadeirão oferecido pela namorada. Um exame de necrópsia no cadáver encontrou um líquido achocolatado no estômago. A perícia apontou a presença de morfina e de um remédio tranquilizante.
De acordo com as investigações, o crime foi cometido por questão financeira. A namorada da vítima, Julia Pimenta, tinha uma suposta dívida de R$ 600 mil com uma cigana, que teria a instruído a colocar o remédio no brigadeirão.
Segundo as investigações, a cigana foi beneficiária dos bens furtados do empresário e recebeu o carro dele como parte do pagamento da dívida. Ao todo, seis pessoas foram indiciadas por crimes no caso.
Adolescente mata família
Em maio deste ano, um adolescente de 16 anos matou o pai, a mãe e a irmã dentro de casa na capital paulista. A arma usada pertencia ao pai, que era guarda municipal em Jundiaí. O jovem decidiu cometer os crimes porque os pais retiraram seu celular como forma de castigo. Dois dias depois do crime, ele chamou a polícia para confessar os atos.
Os vizinhos não desconfiaram da tragédia mesmo com o carro fora da garagem e ausência de movimentação. O adolescente relatou à polícia que não se arrependia e faria tudo novamente, mencionando desentendimentos frequentes com os pais. Ele foi recolhido na Fundação Casa e responderá por homicídio, feminicídio, porte ilegal de arma e tratamento desprezível aos corpos das vítimas.
Peeling de fenol
Em junho, um homem de 27 anos morreu após passar por um procedimento estético em uma clínica no Campo Belo, zona sul de São Paulo. De acordo com laudo do IML (Instituto Médico Legal), a morte foi provocada pela inalação do fenol, que é um produto tóxico.
O produto químico é usado para escamar a pele, fazendo com que ela rejuvenesça depois. No entanto, dependendo da quantidade e de como é usado, pode provocar taquicardia e riscos à saúde.
A equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionada, mas o paciente não resistiu. Imagens das câmeras de segurança da clínica registraram o momento em que Henrique da Silva Chagas passou mal e recebeu atendimento. O namorado da vítima, Marcelo Camargo, afirmou que, antes de falecer, ele já havia se queixado de dor intensa.
Em setembro, Natália Becker, dona da clínica e responsável pelo procedimento estético que causou a morte de Henrique se tornou ré. Ela responde por homicídio com dolo eventual qualificado por motivo torpe ao assumir o risco de matar.
Crianças envenenadas
Em 30 de setembro, duas crianças morreram após terem sido envenenadas por chumbinho no morro da Primavera, em Cavalcanti, na zona norte do Rio de Janeiro. Inicialmente, a suspeita era de que Ythallo Raphael Tobias Rosa, de 6 anos, e Benjamin Ribeiro Rodrigues, de 7 anos, teriam passado mal após comer um bombom envenenado entregue por uma mulher.
No entanto, investigações posteriores constataram que a suposta mulher não existia e que, na verdade, o veneno teria sido colocado em uma garrafinha de açaí.
O autor do crime seria o padrasto de uma das crianças. Rafael da Rocha Furtado foi preso em novembro. Ele não aceitava o fim do relacionamento com a mãe de Benjamim.
Massacre em escola na Bahia
Em outubro, um estudante de 14 anos matou três colegas e tirou a própria vida em Heliópolis, no norte da Bahia. O massacre ocorreu no Colégio Municipal Dom Pedro I, no povoado de Serra dos Correias, a cerca de 330 quilômetros da capital Salvador, próximo à divisa com Sergipe.
Segundo a Secretaria de Segurança da Bahia, o jovem levantou-se da carteira durante uma aula e matou três colegas de classe, duas jovens de 15 anos e um adolescente da mesma idade.
Serial killer de Maceió
Em novembro, a Polícia Civil de Alagoas prendeu Albino Santos de Lima, de 42 anos, que ficou conhecido como “serial killer de Maceió” por ser acusado de cometer ao menos 10 assassinatos.
Segundo as investigações, ele costumava fazer fotos nos túmulos das vítimas, enterradas em cemitérios públicos de Maceió. Uma das vítimas de Lima foi Beatriz Henrique da Silva, uma empregada doméstica de 25 anos morta a tiros no fim do ano passado, enquanto dormia com o filho no colo.
Morte do delator do PCC
Em 8 de novembro, o empresário e delatador do PCC (Primeiro Comando da Capital), Antônio Vinicius Gritzbach, de 38 anos, foi morto a tiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.
Gritzbach havia se tornado delator do Ministério Público, colaborando com informações sobre os esquemas da maior facção do Brasil, o que levantou a suspeita de “queima de arquivo”. Ele estava jurado de morte pelo PCC e vinha sendo monitorado por criminosos, que sabiam do horário exato de seu desembarque.
No momento do ataque, o empresário deveria estar acompanhado por seguranças particulares, incluindo policiais militares. Há suspeitas de que eles poderiam ter facilitado o crime, já que três deles alegaram estar com o carro quebrado, deixando a vítima com apenas um segurança ativo no local.
Após o assassinato, oito policiais militares foram afastados preventivamente de suas funções.
Atentado a bomba em Brasília
Em 13 de novembro, uma série de explosões em um intervalo de minutos foi registrada nas proximidades da Praça dos Três Poderes. O responsável pelos atos, Francisco Wanderley Luiz, morreu em frente ao STF (Supremo Tribunal Federal) ao detonar uma bomba.
O homem foi candidato a vereador em Rio do Sul (SC) pelo PL em 2020. Ele tinha 59 anos e era morador de Santa Catarina.
O homem-bomba tinha artefatos no corpo e explodiu ao menos duas bombas em frente ao STF. Além disso, teria acionado à distância a detonação de outros explosivos que estavam no porta-malas do carro dele, estacionado no anexo 4 da Câmara dos Deputados.
No início de dezembro, Daiane Dias, ex-mulher de Luiz, morreu devido a complicações no quadro de saúde após as queimaduras do incêndio que ela provocou na própria residência.
Médica morta em hospital no Rio
Em dezembro, a médica da Marinha Gisele Mendes de Souza morreu após ser atingida por uma bala perdida enquanto trabalhava no Hospital Naval Marcílio Dias, um dos principais centros médicos das Forças Armadas do Rio, que fica na zona norte da cidade. Ela foi baleada na cabeça.
De acordo com informações preliminares, o disparo teria ocorrido durante uma troca de tiros entre criminosos e policiais na região próxima ao hospital, localizado no bairro do Lins de Vasconcelos.
Colegas de trabalho da profissional prestaram os primeiros socorros imediatamente após o incidente. Ela foi levada às pressas para o centro cirúrgico da unidade, onde passou por uma intervenção emergencial, mas não resistiu.
Aumento de feminicídios
Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, o número de feminicídios subiu 0,8% em 2023 em relação ao ano anterior. Ao todo, 1.467 mulheres foram mortas por razões de gênero, o maior registro desde a publicação da lei que tipifica o crime, em 2015.
Ainda não há uma estatística oficial sobre feminicídios no país em 2024, mas alguns casos marcaram o país.
Em novembro, um homem foi condenado a 18 anos de prisão pelo assassinato de Ione Maria dos Santos, de 36 anos, em Blumenau (SC). Ele era marido da vítima e golpeou a esposa na cabeça com um tijolo até a morte. O crime bárbaro aconteceu no começo do ano.
Também em Santa Catarina, uma mulher de 48 anos foi morta ao entrar no próprio carro para ir trabalhar em Chapecó, em fevereiro. O suspeito é o ex-marido dela, que tinha uma cópia da chave e a esperava dentro do veículo. Ele foi preso em flagrante.
Segundo a polícia, o criminoso afirmou que matou a vítima, identificada como Sonia Matielo, estrangulada com um fio de luz. Em seguida, levou o carro com o corpo até uma rua em declive e o largou em ponto morto para simular um acidente.
Em dezembro, um homem de 20 anos foi preso suspeito de assassinar a mãe a facadas em Canguçu, no Rio Grande do Sul. À polícia, ele teria confessado o crime. Segundo o suspeito, ele teria discutido com a mãe porque ela não queria dar dinheiro, que seria usado para comprar drogas. Em seguida, ele teria esfaqueado a mãe e fugido.
Em Barueri, na região metropolitana de São Paulo, Marlene Pessoa Ribeiro, de 72 anos, foi assassinada a facadas pelo próprio marido, de 76 anos. Após o crime, o homem subiu no telhado da casa e tentou tirar a própria vida. Houve uma longa negociação com equipes da Defesa Civil e dos bombeiros até que ele se entregasse. O homem foi socorrido e, em seguida, preso por feminicídio. O casal estava junto há mais de 60 anos.
Violência policial
Casos recentes de violência e abuso de autoridade policial chocaram o país.
Entre outras situações, um jovem de 25 anos foi arremessado de uma ponte por um policial militar em São Paulo. Ele afirmou que também foi agredido com golpe de cassetete na cabeça e nas costas, e que sofreu ameaças do agente.
O caso ocorreu no início de dezembro. A Justiça Militar decretou a prisão do PM Luan Felipe Alves Pereira, que jogou o homem da ponte.
Segundo a família, a vítima trabalha como entregador e não tem passagem pela polícia. Marcelo Amaral caiu de uma altura de três metros em um córrego poluído e sofreu ferimentos na cabeça