Caso Rafael: mãe afirma que usou a corda para transportar o corpo
Em novo depoimento, Alexandra Duogokenski afirmou que o filho morreu pelo excesso de calmantes e ela usou varal para levar até a casa vizinha
Cidades|Do R7, com informações da Record TV
Em novo depoimento, Alexandra Duogokenski afirmou que usou a corda de varal encontrada presa ao pescoço do filho, Rafael Mateus Winques, de 11 anos, apenas para transportar o corpo. A polícia, no entanto, acredita que ela teve a intenção de matar a criança, uma vez que a corda teria sido usada para asfixiar o garoto. As informações são da Record TV.
Aos investigadores, ela revelou que deu dois comprimidos de calmante Diazepan para o garoto, que estava agitado e não queria dormir. Mas ela percebeu que ele estava diferente: "Tava com a boquinha roxa e as mãozinhas geladas. Eu não conseguia tirar ele assim, aí eu amarrei para ver se eu conseguia melhor com uma cordinha", afirmou.
Depois o corpo foi levado para a casa vizinha, que estava vazia, e colocado dentro de uma caixa de papelão com retalhos: "Eu coloquei ele deitadinho na caixa com o que tinha lá".
Em nenhum momento, Alexandra olha para os policiais, mas também não demonstra reações e diz que agiu sozinha. Ela contou que só confessou o crime porque viu o "sofrimento do Anderson", o irmão mais velho de Rafael, que também morava com a mãe em Planalto, no Rio Grande do Sul.
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Para o delegado Eibert Moreira, houve um homicídio doloso, quando há intenção de matar. "Quando o autor de um homicídio usa uma arma de fogo é menos impactante para ele do que ver a face da vítima se transformar. É muito impactante isso", concluiu.
Reconstituição do crime
A reconstituição da morte de Rafael durou 5 horas e foi realizada na noite de quinta-feira (18). Sem algemas e de máscara, Alexandra mostrou como tudo aconteceu. O quarteirão da casa onde Rafael morava foi isolado para o trabalho do Instituto Geral de Perícias. Um boneco com a mesma altura e peso do garoto foi usado na reconstituição. Segundo a polícia, o garoto deve ter morrido entre a cama e a porta da casa.
Alexandra, que confessou o crime, defende que a morte do filho foi acidental. Ela deu dois comprimidos de Diazepan, um calmante, a ele que estava agitado e não queria dormir. De acordo com ela, ninguém mais participou da morte e da ocultação do corpo de Rafael.
Após perceber que ele estava morto, foi enrolado em um lençol e arrastado até a casa ao lado, que estava vazia. O cadáver foi ocultado com retalhos e colocado em uma caixa de papelão.
O laudo do IML, no entanto, aponta o estrangulamento como a causa da morte do menino. Uma corda de varal estava presa ao pescoço dele.
O advogado de Alexandra Duogokenski, Jean Severo, afirmou que ela deve responder pelo assassinato: "É homicídio culposo [quando não há intenção de matar]. Ela deve ser condenada por isso e ocultação de cadáver".
A polícia ainda não descartou o envolvimento de outras pessoas no crime. O pai de Rafael, Rodrigo Winques, acredita que Alexandra teve ajuda: "A gente não sabe quem, mas ela sozinha não fez. Eu calculo que tenha alguém envolvido com ela".
O laudo da reconstituição deve ficar pronto em um mês.
O caso
Alexandra, que está presa preventivamente, já apresentou versões contraditórias. O crime que, até então, era considerado um homicídio culposo passa a ser um homicídio doloso qualificado após o laudo apontar que a criança foi morta por asfixia.
Rafael desapareceu no dia 15 de maio na pequena cidade de Planalto, onde morava com a mãe e o irmão. O município tem cerca de 10 mil habitantes. O fato foi comunicado pela mãe ao Conselho Tutelar. Alexandra disse que, quando acordou pela manhã, não encontrou o menino no quarto. A polícia só soube do desaparecimento no dia seguinte.
Considerada uma criança tranquila e querida no bairro, o sumiço de Rafael movimentou a vizinhança. A mãe chegou até a falar com a Record TV para pedir ajuda na localização do filho. Tudo não passava de uma encenação, porque, dias depois, ela confessou o crime à polícia.
O chefe da Polícia Metropolitana, Joerberth Nunes, estranhou a riqueza de detalhes passada pela mãe ao comunicar o desaparecimento do filho. "Falou que ele estava com a camiseta do Grêmio e chinelos, mas como ela poderia saber se não tinha visto?", alertou o delegado.
O corpo de Rafael foi localizado na segunda-feira (25), 10 dias após o suposto desaparecimento. A casa fica a menos de cinco metros do local onde ele morava. A polícia só chegou até o endereço após a confissão da mãe.
Inicialmente, Alexandra afirmou que o remédio teria sido administrado para que a criança dormisse melhor, uma vez que ele ficava muito tempo no celular e na internet.
De acordo com ela, a morte do filho teria sido então um acidente, sem a intenção de matá-lo. Mas a frieza de Alexandra no depoimento chamou a atenção da polícia. A versão apresentada por ela também já foi desmentida.
Um laudo do Instituto Geral de Perícias revelou que Rafael morreu asfixiado por meio de esganadura, ou seja, estrangulamento. Durante a perícia, foram também encontrados vestígios de sangue na casa onde ele morava e no carro da família.
Em entrevista, o delegado Ercílio Carlett afirmou que o motivo da morte ainda não foi esclarecido "até porque tudo indicava que ela era uma boa mãe, cuidava dele e do outro filho. Tinha um bom relacionamento com ele. Mesmo que ela tenha dado o medicamento, a morte se deu por asfixia, o que indica um homicídio doloso qualificado".
O pai de Rafael, Rodrigo Winques, é separado de Alexandra e mora em Bento Gonçalves, na serra gaúcha. Ele ficou chocado ao saber da morte do filho. "Vamos esperar que a Justiça seja feita", ressaltou.
Muito abalada, a avó de Rafael e mãe de Alexandra, Isaílde Batista, ressaltou que o neto era uma "criança tranquila e muito querida". Segundo ela, "ele era o filho que todo mundo queria ter e amado por todos".
Ela revelou que ficou desesperada ao descobrir que o crime foi cometido pela filha: "Chegar até esse ponto? Pelo amor de Deus! Uma mãe fazer isso com o filho, uma criança indefesa, isso não existe".