Um confronto entre detentos na cadeia pública de Itapajé, no interior do Ceará, resultou na morte de pelo menos dez detentos. O confronto começou por volta das 8h30 desta segunda (29). Ainda não há informações do número de feridos. Ao todo, 113 presos cumprem pena na cadeia.
A Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado do Ceará confirmou que os detentos iniciaram uma briga entre grupos rivais, o que resultou nas mortes. Ainda segundo eles, policiais do município e agentes penitenciários do Grupo de Operações Regionais realizaram uma intervenção e controlaram a situação.
O presidente do SINDESP-CE (Sindicato dos agentes e servidores do sistema penitenciário do Ceará), Valdemiro Barbosa, diz que o conflito é uma disputa entre as facções rivais CV e GDE. “É a mesma disputa que está acontecendo nos últimos dias e resultou na maior chacina do Ceará”, completa.
Maior chacina da história
O crime ocorreu dois dias depois da maior chacina do Estado do Ceará. Homens armados entraram em uma festa chamada Forró do Gago, no bairro Cajazeiras, na periferia de Fortaleza, e assassinaram 14 pessoas na madrugada de sábado (27). De acordo com a Polícia Militar, 10 pessoas ficaram feridas com a ocorrência - destas, cinco receberam alta durante a manhã de domingo (28).
Segundo a assessoria do IJF (Instituto Dr. José Frota), os pacientes que foram liberados são três mulheres de 16, 17 e 23 anos, um rapaz de 16 anos e um menino de 12 anos.
Quatro pessoas passaram por cirurgia e ainda seguem internadas no IJF: um homem de 24 anos e três mulheres, duas com 16 anos e uma com 19 anos. O estado de saúde deles é estável. Um homem de 24 anos segue hospitalizado em estado grave no Hospital Distrital Edmilson Barros de Oliveira, o Frotinha Messejana.
Há suspeita de que os assassinos pertençam a uma facção conhecida como GDE (Guardiões do Estado). Eles teriam ordem para matar membros do CV (Comando Vermelho), que seriam os organizadores da festa. Segundo moradores, o bairro é dominado por um acordo entre o CV e a FDN (Família do Norte).
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), anunciou no domingo que fará uma força-tarefa para investigar a chacina. A reunião contou com a participação do secretário de Segurança Pública e Defesa Social do estado, André Costa, e representantes da Polícia Militar, Polícia Civil e Perícia Forense, do Ministério Público e Judiciário.
Pelas redes sociais, Santana referiu-se à chacina como “ato selvagem e inaceitável”. No texto, ele afirmou que convocou imediatamente o secretário André Costa e a cúpula da Secretaria de Segurança, determinando "rigor absoluto nas investigações e busca incessante dos criminosos”.
Santana quer que todos os envolvidos sejam identificados e presos o mais rápido possível. "Não aceitaremos de forma alguma que esse tipo barbárie fique impune. Confio na nossa polícia e tenho absoluta convicção de que uma resposta será dada muito em breve”, afirmou.
No sábado (27), uma pessoa foi presa, suspeita de participação nas mortes, e um fuzil foi apreendido. Outras pessoas já foram identificadas. A polícia trabalha para prender os suspeitos, auxiliada por outros órgãos públicos.
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