Falha na distribuição de água provoca rombo de R$ 6 bilhões aos cofres públicos, aponta estudo
Norte é a região com maior registro de perda de água. Desgaste de mananciais e problemas em peças são principais fatores
Cidades|Isabelle Amaral*, do R7
Falhas ocorridas na distribuição de água em todo o país provocaram um prejuízo de cerca de R$ 6 bilhões nos cofres públicos em 2021. Os dados inéditos foram apresentados nesta terça-feira (13) pelo diretor substituto do departamento de cooperação técnica do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), Paulo Rogério Santos.
O governo federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), apresentou o estudo Diagnósticos Temáticos do SNIS 2022, com dados da prestação dos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos urbanos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas no país.
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O índice de perdas nos sistemas de distribuição de água foi de cerca de 39,3% em 2021. Segundo o estudo, se contabilizados os dados por macrorregião, a região Norte do Brasil é a que mais tem perda de água, com 51,2%. Isso ocorre em função dos defeitos e desgastes dos mananciais, tubos danificados, peças soltas ou corroídas e hidrantes com vazamento, além de ligações clandestinas e falhas de medição.
Na sequência, vem a região do Nordeste, responsável por 46,2% das perdas de água no país, e o Sudeste, por 28%. O Sul e o Centro-Oeste são as regiões que menos têm registros de perda e, consequentemente, falhas nos mananciais, com 29,8% e 36,2%, respectivamente.
"Ao perdermos água, a gente também acaba perdendo faturamento, além da necessidade de ter de produzir mais água e, muitas das vezes, demandar novos mananciais. Ou seja, precisamos corrigir ou pelo menos melhorar esses resultados quanto antes", afirma Santos.
De acordo com a pasta, os especialistas esperam uma redução de 14,3%, para passar dos 39,3% de perda de água no país para pelo menos 25%. "A meta é que essas perdas sejam estabilizadas até 2033", ressalta o diretor substituto.
Ainda segundo Santos, há uma escassez de recursos para levar saneamento básico aos mais necessitados, além do baixo investimento Se a perda de água nos mananciais de todo o Brasil for evitada, esses R$ 6 bilhões podem ser economizados e, consequentemente, usados para fazer melhorias em regiões mais precárias. "Isso é extremamente representativo", afirma.
Investimentos em água e esgoto
Os investimentos feitos pelas empresas de abastecimento de água e esgotamento sanitário, públicas ou privadas, chegaram a R$ 17,2 bilhões em 2021, um aumento de 25% em relação a 2019, quando foram investidos R$ 13,75 bilhões.
Segundo o estudo, o valor menor se deve ao período mais crítico da pandemia. O diretor pondera a importância dos investimentos para melhorar o saneamento básico no país e afirma que muitas famílias ainda sofrem com a falta de água em casa.
* Estagiária sob supervisão de Fabíola Perez