Número de mortes por acidentes aéreos no Brasil em 2024 é o maior da última década
Um avião de pequeno porte caiu na quarta-feira em São Paulo, matando as cinco pessoas que estavam a bordo
Cidades|Thays Martins, do R7, em Brasília
O Brasil teve em 2024 o maior número de mortes em acidentes aéreos dos últimos 10 anos. Segundo dados do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), até outubro foram 127 pessoas que morreram dessa forma no país em 136 acidentes aéreos. O número não contabiliza o acidente de quarta-feira (23), quando um avião de pequeno porte caiu no Vale do Paraíba, no interior de São Paulo. Todos os cinco ocupantes da aeronave morreram. Ainda não se sabe as causas da queda.
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Antes de 2024, 2016 tinha sido o ano da última década com mais mortes registradas em acidentes aéreos, quando 104 pessoas morreram em 164 acidentes. Em 2024, o fator que mais contribuiu para o alto número de mortes foi a queda do avião da Voepass, em agosto. A aeronave caiu em Vinhedo (SP) com 58 passageiros e quatro membros da tripulação a bordo.
Um avião comercial não caía no Brasil desde 2007. O relatório final da investigação sobre o acidente da Voepass ainda não foi apresentado. Até o momento, as informações preliminares são de que a tripulação citou uma possível falha no sistema de degelo da aeronave pouco antes da queda. Contudo, os investigadores não conseguiram determinar, ainda, se realmente houve algum problema.
Acidentes de 2024
Ao todo, 2024 teve 136 acidentes aéreos. Desses, 33 registraram mortes.
Neste mês, seis bombeiros morreram na queda de um helicóptero em Ouro Preto (MG). A aeronave em que eles estavam ia atender a ocorrência de queda de um monomotor quando caiu.
Em janeiro, um acidente na zona rural de Itapeva, também em Minas Gerais, deixou sete mortos. A aeronave tinha saído de Campinas (SP) com destino a Belo Horizonte (MG) com cinco passageiros e dois tripulantes a bordo.
Na última quarta, um avião de pequeno porte bateu em um morro e pegou fogo em uma área de mata em Santa Branca, na divisa com Paraibuna, no interior de São Paulo. O avião tinha saído de Florianópolis (SC) e seguia para Belo Horizonte (MG).
Chovia no momento do acidente. Todos os cinco ocupantes trabalhavam para a Abaeté Aviação, empresa de táxi aéreo. O acidente aconteceu a aproximadamente 30 quilômetros de onde um helicóptero caiu no dia 31 de dezembro do ano passado.
Histórico de acidentes
O maior acidente aéreo que aconteceu no Brasil com um voo comercial foi o da Tam (hoje Latam), em 2007. O Airbus A320-233 saiu do Aeroporto Internacional de Porto Alegre com destino ao Aeroporto de Congonhas. Ao chegar na pista, no entanto, o avião não conseguiu frear a tempo, ultrapassou os limites da pista, planou sobre a avenida Washington Luís e bateu contra um prédio da própria companhia aérea. Todas as 187 pessoas a bordo morreram, e outras 12 pessoas que estavam em solo também não resistiram.
Ao todo, dez pessoas foram indiciadas pelo acidente, mas todas foram absolvidas na Justiça Federal. Em 2023, o Ministério da Infraestrutura implementou um novo sistema de frenagem no Aeroporto de Congonhas para evitar acidentes parecidos.
Em 2009, um Airbus A330 da Air France que saiu do Brasil com destino à França caiu no Oceano Atlântico. Todas as 228 pessoas a bordo morreram. A investigação apontou uma falha nos tubos de pitot, um sistema que mede a velocidade do avião em relação ao ar. Sem saber qual era a real velocidade da aeronave, os pilotos ficaram confusos. O avião entrou em estol (perda repentina da sustentação da aeronave) e caiu. Depois de anos, a Justiça francesa absolveu a Airbus e a Air France pelo acidente.
Em 2016, um avião que levava o time de futebol da Chapecoense caiu na Colômbia, deixando 71 mortos. O acidente foi causado por falta de combustível na aeronave. Seis pessoas sobreviveram ao acidente.